"Ela pegou a garrafa de vidro e
derrubou sobre si o que restava da água. Andou pela areia da praia arrastando
os pés, para achar algo que pudesse usar como rolha. Encontrou um galho de
árvore, partido em três.
Terá que servir. Rasgou uma tira da barra do seu vestido e
uniu o mais forte que pode os pedaços do galho. Caminhou até a beira-mar,
pensando na inutilidade do seu gesto. Mas todo sentimento só faz sentido para
quem o sente. Satisfeita consigo mesma, só faltava agora a mensagem. Sem muito
esforço, derrubou uma lágrima dentro da garrafa. E apertou firme a rolha
improvisada feita de restos de uma árvore, e pedaço de um vestido. Será
necessário um remetente? Pensou em todas as histórias que viu, ouviu e
imaginou, e percebeu que todas as garrafas lançadas ao mar chegavam,
invariavelmente ao seu destino correto. Mas por vias da dúvidas, achou melhor
beijar o rótulo. Teu nome sempre esteve em minha boca. E lançou. Por cima das
ondas. Não esperou para ver sua mensagem à deriva. Estava plena de certezas. E
isso bastava."
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
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