quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Rascunho Manuela



"Ela pegou a garrafa de vidro e derrubou sobre si o que restava da água. Andou pela areia da praia arrastando os pés, para achar algo que pudesse usar como rolha. Encontrou um galho de árvore, partido em três. Terá que servir. Rasgou uma tira da barra do seu vestido e uniu o mais forte que pode os pedaços do galho. Caminhou até a beira-mar, pensando na inutilidade do seu gesto. Mas todo sentimento só faz sentido para quem o sente. Satisfeita consigo mesma, só faltava agora a mensagem. Sem muito esforço, derrubou uma lágrima dentro da garrafa. E apertou firme a rolha improvisada feita de restos de uma árvore, e pedaço de um vestido. Será necessário um remetente? Pensou em todas as histórias que viu, ouviu e imaginou, e percebeu que todas as garrafas lançadas ao mar chegavam, invariavelmente ao seu destino correto. Mas por vias da dúvidas, achou melhor beijar o rótulo. Teu nome sempre esteve em minha boca. E lançou. Por cima das ondas. Não esperou para ver sua mensagem à deriva. Estava plena de certezas. E isso bastava."

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