"Tirou as chaves do bolso e se
entreteu com o som. Balançou o chaveiro enquanto entrava em casa e tirava os
sapatos. Seus pés puderam enfim se desenrolar, e voltar ao tamanho correto.
Calçou suas pantufas coloridas com pompons na ponta e foi ao banheiro. Diante
da pia, suspirou fundo. Fez sons irreproduzíveis enquanto tremelicava por causa
da água fria que levou ao rosto. Pegou uma toalha, que logo ficou manchada com
uma sujeira cor-da-pele. Se olhou no espelho e finalmente pode ver o branco, o
vermelho e o preto em torno da boca e olhos. Estava mais calmo. Levantou os
ombros, entortou as pernas, projetou a barriga e foi até o quarto Tirou todas
as roupas que eram cinzas, a camisa que era branca, e a gravata que era preta.
Colocou o paletó verde, virou a gola amarela para fora, e pegou uma flor
vermelha que estava num vaso e colocou na lapela. Não resistiu e cheirou. O
jato de água foi bem no seu olho, e o fez sorrir. Finalmente pode sorrir. Saiu
pela casa cantarolando, se jogou no sofá, tirou do bolso pequenas bolinhas,
mirou com um olho fechado, e começou a jogar discriminadamente, enquanto ria,
pintando a televisão."
quinta-feira, 16 de maio de 2013
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Por isso te amo. Por escrever assim...
ResponderExcluirFoda vc.