"De todas as minhas mulheres,
sinto falta dela. Ela parecia uma gata ao meu toque. Negra, sinuosa, cheirosa e
com manha. Ronronava no meu colo antes do sexo. Depois, logo assim que acabava,
ela saltitava, se agitava, e ia fazer algo pela casa, ou pela rua. Era
diferente para mim. Era muito diferente de mim. Primeiro: nenhuma das minhas
mulheres anteriores realmente “acabava”, era sempre um prolongamento do prazer,
um carinho contínuo, algo assim. Eram gozos. Ela não, se satisfazia, me deixava
feliz, e estava pronta para outra coisa. Eu queria ficar mais na cama, e
ficava, mas sozinha. Queria cheirar o cabelo dela, o suor delicado que ficava
na sua nuca, mas ela já estava se maquiando, ou colocando um salto. Segundo:
nenhuma delas também ficava serelepe. Somente antes, mas não depois. Ela ficava
elétrica, e precisava gastar toda essa energia, senão começava a encrencar, a
quebrar copos, a reclamar dos quadros, a pegar minhas calcinhas emprestadas. Isso
realmente me incomodava. Nenhuma das minhas mulheres pegava calcinhas minhas
emprestadas. Nunca. Eu nunca deixei nenhuma fazer isso. Nem ela. Ela somente não
pedia, e eu nunca tive oportunidade de dizer não, só quando ela voltava da rua,
meio bêbada, toda carinhosa, me querendo para recobrar suas energias. Terceira
diferença: nenhuma delas voltava. Eu sinto a falta dela."
terça-feira, 7 de maio de 2013
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