sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"A gente sai do bar, e a neve começa a cair, de forma tão lenta e quieta, que eu só percebo quando para o cabelo dele, já desarrumado pelas risadas e álcool, e vejo os pontos brancos. Penso, no momento totalmente indevido,mas devido as risadas e álcool e vontades, que o branco da neve é diferente do que eu esperava, pensava que fosse. Achava que refletisse mais as luzes do entorno. Uma cai perto de sua boca e eu me seguro a tentação de pega-la com a língua de uma maneira totalmente, e inesperadamente sã, que até me surpreende. Ele olha minha cara e ri. De novo. E mais. E eu rio junto. E ficamos assim. Cúmplices de desejos íntimos secretos que talvez nunca sejam ditos e concluídos, compartilhando frio, neve e graça."

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Tomar isto por aquilo. Como se fosse. Uma forma de compensação, de quase frustração, de ter algo no lugar de outro. Satisfazer o desejo com o que dá e não com o que quer. É assim que brinco de amar. Usar o que está a mão por falta daquilo que se mantém longe. Por isso choro por dentro, e rio com os olhos. Por isso gaguejo e digito e-mails errados. Por isto ou aquilo. Não importa. Me acostumo nessa condição, que não mudo. Vivo uma vida por outra e serei algo qualquer em vez do que sempre quis."

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Ela me colocou em cima da mesa, me abriu as pernas e me olhou nos olhos poucos segundos antes de olhar para meu vestido. Consegui apoio nas cadeiras e respirava forte. Ela sumiu pelo tecido e senti sua pele nas minhas coxas, seu nariz roçando minha calcinha e uma língua molhada e quente logo abaixo do umbigo. Lembrei da minha mãe, sabia qe não era hora para isso, mas era mais forte a lembrança dela me vendo comprar esse vestido e falando que mulher quando quer está sempre pronta. Meu Deus eu quero. Eu quero ela. Ela apertava minhas coxas enquanto me mordiscava por cima do algodão. Eu ri da minha mãe, se fosse verdade não viria com uma calcinha velha dessas. Ela aparece debaixo da tenda entre minhas pernas: você está rindo? É que está gostoso. Ela não desce mais, fica ali me olhando e brincando com seus dedos em mim. Tenho vergonha e fechos os olhos, para ficar mais longe ainda, jogo a cabeça para trás. É um clichê de sexo, mas tudo bem. Ela sabe disso e tudo bem. Estamos transando na cozinha dela e tudo bem. Estou feliz e está tudo bem. Não pára, vem! Ela se afasta um pouco e olho com cobiça. Gosto do teu cheiro. Pára de falar, isso me deixa com vergonha e não precisa se dito, só me faz. Ela vai até ali e volta rápido com um plástico na mão, um papel-filme. Me assusta. Só tenho isso, desculpe. E vai colocando em mim. Opa! O que é isso? É que eu vou te chupar. Agora! Não precisa falar essas coisas, é só fazer. Eu vou colocar isso em você, porque eu não te conheço, sou sapata mas não sou burra, não sei com quem você anda. Como assim? O quefoi? Qual o problema? Se eu fosse um homem você não ia pedir para pôr camisinha? Fico quieta e extremamente constrangida. Não? Esse é mais um motivo para eu fazer isso. Finalmente broxo, fecho as pernas e sento de qualquer forma. Preciso ir. Ei, você devia se sentir feliz por estar com alguém que te preserva. Sei, sei, cadê a chave? Vai embora da minha casa, hipócrita do caralho. Eu só nunca fiz isso. E vai viver assim na ignorância? Olha, depois eu te ligo, ta? Preciso acertar isso na minha cabeça. Não, não liga não. Não precisa. Tchau. Tá. Merda! Droga!"

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PAULICÉIA CITY

-uma paráfrase-


Querendo ser aquela frase do Hemingway
viver aquele verso do Bukowski
sacar o que Leminski disse, no meio da avenida.
Ser maior que a citação do Nelson
e entender Murakami.
Sofrer embaixo de chuva com Caio f.
e rir mirisolicamente do mundo diante dos olhos.
Não conseguindo ser nada além de um trecho de Lobão.