quinta-feira, 30 de junho de 2011

"Ela tinha tantos pêlos que parecia suja. O cheiro também não ajudava. Estava parcialmente nua – uma frase que acredito nunca ter dito antes. Ainda bem, eu precisava de alguma novidade na vida. Uma mulher, com aqueles olhos, aquela boca, aquela expressão, com restos de suas roupas espalhadas em volta... bem, não era uma novidade. Seria se ela estivesse viva. Mas elas nunca estão. Tirando o fato dela ter o corpo todo coberto de pêlos, ela não difere em nada das outras vítimas. Mesma idade, mesmo biótipo, mesma cidade. Procuro as marcas de sempre, encontro duas: a que ele faz perto da orelha esquerda e a laceração ao lado das costelas. Com calma, encontro uma coisa nova: marcas no cotovelo. Parecem uma mordida parcial. Isso não é comum. Ele nunca morderia, sempre foi esperto. Penso que... procuro perto do corpo... talvez ela fosse mais esperta... me afasto dois, três passos... que as outras e tivesse... procuro e não encontro nada. Volto para o machucado e confio em mim. E confio nela. Eu tenho um carinho especial por ela, gosto de quem luta por algo. Espero levarem o corpo. Agora vou correr em todos os dentistas. Ela conseguiu quebrar alguma coisa, com certeza. Mentira. Não tenho certeza. Mas eu tenho algo que nunca tive até agora nesse caso. Uma questão pessoal."

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Ódio é outra coisa. É algo superior. Vibra em outras esferas. Curioso que ódio em francês é feminino... Estou falando de rancor. Rancor é físico. Você sente seu estômago sendo mexido, sente as vísceras se reorganizando, mudando suas posições e formas, porque surgiu um órgão novo, um elemento vivo, sólido e flexível: Rancor. Você tem duas opções, como tudo na vida: ou deglute e tentar transformar em arte; ou racionaliza e tenta transformar em dinheiro."

segunda-feira, 27 de junho de 2011

PAULICÈIA CITY

-há um lugar bom para se estar, que não é aqui-


O sol esquentava minha juventude
e o couro do sofá.
Ardia minhas pequenas frustrações
e me fazia ruminar as derrotas.
Iluminava minhas pálpebras
e clareava dentro de mim as tristezas futuras.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Dialogos perdidos - IV

B – eu não me entendo muito bem. E as vezes eu acho que falta alguma coisa. Eu sinto que não caibo no mundo.
A – Eu não conheço ninguém que tenha nascido depois dos anos 80, que se sinta completo.
B – porque?
A – Talvez as emanações elétricas dos cabos das TVs, ou o consumo de pipoca de microondas, ou talves as próprias microondas, que sabe?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

PAULICÉIA CITY

-quer se queira ou não-


Sua pele era branca
Seu cheiro era bom
Seus pêlos era um convite.
Havia algo de fim de maio em seus olhos.
Sua boca era doce
e seu corpo leve ao toque.
E elétrico.
Faíscas aconteceram
quando suas unhas arranharam minha pele
quando meu suor caiu sobre o dela
quando unimos nossos sexos.
Havia a certeza da despedida em breve.
e algumas manchas de sangue no lençol.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Vindo do Rio, ralando o ProAC, Indo para Tupã!


aff.. preciso criar vergonha na cara!