segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde nem sempre combina-


A janela fechada
Impedia as baratas
e o vento.
Meu corpo cansado
dormia grudado
em si mesmo
O corpo dela
parecia desmanchar
de maneira apetitosa.
Mas aquele salgado de sua pele
me repelia já em pensamento.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ofélia


Tem uma música de capoeira que diz assim:

"Hoje tem, amanhã não
Mas hoje tem, amanhã não..."

Não preciso dizer mais nada.

:O)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ofélia - Reportagem.


A Ofélia de Shakespeare, de modo bem genérico, correu, conversou com as pessoas, dançou entre as flores e sucumbiu desiludida de amor. Hoje, um pouco diferente, ela sobe ao palco do Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo, na peça homônima ao seu nome, protagonizada pela carioca Ana Cecília Reis e dirigida pelo são-bernardense Ronaldo Ventura. A montagem será exibida hoje e dia 28.

Junkie, a Ofélia atual coloca a carapuça do sistema para lidar com o abandono do noivo Hamlet e a morte dos pais.

"No espetáculo, dinheiro, arrogância, drogas e sexo são a couraça que ela usa para se proteger. Ofélia ainda é a menina frágil que espera proteção. Mas, vivendo em uma redoma de aparências, deixa passar a vida sem participar efetivamente", conta Ventura, que pega como inspiração para esta versão o modo de vida contemporâneo.

"Reduzimos o nível de relação humana, as pessoas estão doentes, querendo ser ouvidas, carentes, mas escondem a fragilidade sob as roupas de grife", completa o diretor.

Elementos como água e fogo colaboram na condução que a intérprete Ana Cecília dá a seu personagem. Simbolismos que, por meio das ideias de Jung, buscam comunicação de fácil assimilação por conta da universalidade dos significados, mas sendo empregados de maneira individualizada de acordo com a situação.

"São elementos de diversas visões. O fogo, ao mesmo tempo que indica afago, queima. É útil, mas perigoso. A água traz a questão do ciclo, do eterno retorno. Por mais que ela tente se recuperar dos baques, tudo acaba em morte, abandono. Sua necessidade é aprender a lidar com isso", declara Ana Cecília.

"A Ofélia contemporânea mostra primeiro o lado que ela quer mostrar aos outros, o superficial. À medida que a peça ocorre, ela resgata sua verdadeira essência e intensidade", finaliza a atriz.





Matéria de Thiago Mariano para o Diário do Grande ABC.
Foto de Rodrigo Domit

Link:
http://www.dgabc.com.br/News/5852335/ofelia-de-butique.aspx

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

- Você quer que eu vá embora?
- Você quer ficar aqui?
- Quero. Mas...
- Eu não quero.
- Quê ?
- Eu ao quero que vá embora. Mas você não quer ficar aqui. Porque estou perdendo meu tempo, segurando essa porta?
- Eu quero ficar.
- Mas?
- Mas só se for a noite toda.
- A noite toda? Tem certeza?
- Sim.
- Você sabe fazer uma mulher chinesa feliz. Entre.
- Você não é chinesa.
- Também não sou mulher. E isso nunca te impediu de me fazer feliz.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde lábios finos se movem em melodia-


Percebi que não tenho palavras para descrever sua boca
nem seu beijo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

É hoje!


Primeira peça que dirigi no Rio.
Primeira peça que estreei em 2010.
Primeira peça do ano em São Bernardo do Campo.


Se eu fosse você, eu iria!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Queria era que você abrisse os olhos e lesse meus lábios falar sem aspas nenhuma, que teu corpo é meu verbo de ligação, que meu amor é um objeto direto. Sem interrogação. Sem reticências. Sem preposição te mostrar que meu olhar é minha afirmação e meu beijo um ponto final.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Quando Maiakovski colocou um ponto final em tudo, talvez tenha criado a primeira perfomance, o primeiro body-art. O seu corpo, exposto, afligido por uma bala de revolver – todos os três, russos, foi a Pedra Mater dessa situação humana que acostumamos chamar de Século XX.

"Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PAULICÉIA CITY

-um lugar afastado. mas não o suficiente-


Desci do avião e o calor me empurrou.
Eu andava e ele me impedia.
Me batia
Me jogava.
Me fazia lembrar que estava na cidade errada.
E você também.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Ela é mais alta que eu, e parece mais forte. Mas dizem que está na mesma categoria que eu, então não me importo. Não sei o que justifica os gritos. Talvez seus peitos. Ah sim, ela tem peitos. Devem ter ar dentro, senão não tem como ela ter o mesmo que eu. Nem eu engulo essa. Isso me lembra de lamber os dentes, o céu da boca e engolir essa saliva toda. Me mantém desperta. E isso me mantém viva. Mais gritos. A platéia está vibrando. Isso porque não aconteceu nada ainda, só ela fazendo showzinho, andando em volta do ringue. Mostrando cochas e decotes. Eu não sei quanto que ela ganha para estar aqui. Eu só sei o que eu perco se perder. Eu perco se perder. Minha vida e sua constante repetição de derrotas. Saliva. Eu não posso atacar primeiro, daria vantagem para ela, tenho que esperar ela flexionar os joelhos para me acertar um soco na cara, assim ficamos na mesma altura. Talvez ela seja mais forte, mas acho que ela agüenta menos. Ops. Ela chuta. Sempre esqueço que vadia gosta de chutar. Me lembro que sempre esqueço. Minha vida e sua eterna contradição. Caralho, eu sou bonita, inteligente, não devia estar batendo em mulher para ganhar a vida. Podia ser puta, mas eu ia acabar machucando alguém. Alguém eu só machuco quem está pronto para isso. Ou pelo menos ganhando para isso. Tem gente que ganha para perder. Ganhar para perder. Ando pensando muito e apanhando idem. Vai. Dois diretos na fuça. Ela não sangra? Que vadia. Nem se altera. Parei de ouvir os gritos. Parei de pensar. Aplico aquele golpe de sumo que se consiste em apenas diversos tapas na região do plexo. Não dói. Só faz barulho. E irrita. Irrita muito. Ela é do tipo que não se irita fácil, isso é bom, porque quando acontece, não sabe o que fazer. E então comete o velho erro de tentar me segurar pelas tiras de couro do meu calção. Mas não são tiras de couro, é algo costurado sobre uma malha que escorrego, ela fica desorientada um segundo ou dois, ou menos, não importa, um piscar imóvel. Mas eu não pisco. Miro no baço e na nuca. Cotovelos não quebram, nem doem. Ela sente as pancadas e percebe que está quase perdendo. A platéia ainda não. Ela é boa em fingir. Eu sou boa em prestar atenção. Ela dá aquele meio pulinho que já tinha percebido nas vezes que chutava. Enquanto ela levanta a perna eu passo por baixo e quebro seu joelho com uma porrada só. Simples, não fácil. A platéia grita reclamando de algo. Ouço os xingos e palavrões. Com certeza ninguém apostou em mim. Estou acostumada com isso. Saio do ringue rápido porque não sou trouxa, vou para o vestiário esperar o telefonema que me prometeram. Quero ir embora daqui. De novo."

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"O que te dizer sem parecer brega? Ou bobo? Ou imbecil? E se eu der a impressão de ser apenas um canalha? Um safado? Um pobre tarado? E se eu sorrir na hora errada e você achar que sou mentiroso? E se eu não sorrir e parecer frio? Distante? E se eu usar as palavras erradas? E se você conhecer a palavra mentecapto? E se eu chorar e você não entender nada? Ou entender tudo errado? E se eu te contar a verdade? Como é que você vai acreditar? E se eu colocar a culpa em outro, como é que vou me sentir? E se eu te convencer que a culpa é sua? Mas para quê eu faria isso? E se depois de tudo, mesmo que dê certo, você acredite em mim, e ficarmos juntos, você ficaria feliz? Será? "

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

- E o que é isso?
- Me parece uma camisa.
- Se parece uma camisa, é porque é uma camisa.
- Eu sei é que...
- Não existe nada que pareça uma camisa e que não seja uma camisa.
- Entendi. Foi que...
- Só se for outra camisa.
- Como assim?
- Só outra camisa se parece com uma camisa, que não é a própria camisa.
- Mas do que é que você está falando?
- Da sua incapacidade de perceber o obvio. É feminina ou masculina?
- Como vou saber?
- O óbvio, o óbvio. Comece pelo óbvio. Porque você está cheirando ela?
- Para ver se tem perfume.
- E se tiver, seria feminina?
- Ou masculina.
- E no que isso ajudaria? E se for masculina de alguém que gosta de perfume feminino? Ou ao contrário? E se tiver cheiro de suor? Como você vai reconhecer?
- Se tivesse cheiro de canela, por exemplo, saberia que é alguém que trabalha com comida.
- Ou só com doces. Ou com café. Ou numa plantação de canela. Ou alguém que encostou numa árvore de canela para descansar depois de correr no parque.
- Mas isso não é óbvio.
- Nada disso é óbvio. Por isso não cheiramos uma camisa para ver se ela é masculina ou feminina.
- Então o que eu faço?
- Os botões.
- Hum. Normais. Óbvio, mas não sei como...
- Não! Os botões estão de que lado?
- Na esquerda.
- Então é feminina. Agora vamos procurar o...
- Espera. Como assim? Tá na esquerda é feminina? E se fosse masculina?
- Estariam do lado direito. Vamos.
- Mas você não está explicando nada!
- Óbvio.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

PAULICÈIA CITY

-onde te decifram e te devoram-


Eu ainda era apaixonado por ela
Sabia que havia passado por cirurgias
Vivido com pessoas que eu preferia que não existissem
Conhecido coisas que é necessário ser por demais hipócrita
para chamar de “experiências de vida”
E eu ainda era apaixonado por ela.
Depois de ter evitado anos de contato
De ter fingido não saber de aventuras,
de conquistas, de atrapalhadas
Eu ainda era apaixonado por ela.
Então surgiu um e-mail
Um convite
Uma proposta para conversas inócuas ao fim-de-tarde
Eu
ainda era apaixonado por ela.
Sabendo que isso era um possível recomeço
Percebendo que poderia falar de tudo que ainda não disse
Acreditando que haveria algo mais que um bate-papo besta
Sonhando com a possibilidade de risos, lágrimas, beijos e suores
E
ainda sendo apaixonado por ela.
Eu disse não.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A pior marca de todos os tempos

Assistindo tudo que assisti, lendo tudo que li... pode-se perceber que saí pouco de casa. Não vi nenhum espetáculo de dança, nenhum de circo, não fui a nenhuma exposição... chato isso. De passeios eu fui numa convenção de tatuagens e na Bienal do Livro, somente. Para se te ruma idéia de como fiquei trancado em casa, assisti apenas 16 peças de teatro – a pior marca desde 1992. E destas eu não consigo selecionar cindo. Triste isso. Não vou selecionar as melhores entre as piores que não vale a pena... É ruim, é chata, não gostei.. não entra e pronto. Curiosamente eu gastei apenas R$ 10, 00 em teatro, foi o ingresso de uma peça boa. Acho que a melhor do ano. Vamos a lista:

TEATRO


Resto de cerveja em copo transparente
A porta
Postcards de Atacama

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

LIVROS

Foram 61 livros lidos em 2010. melhor que 2009. Mas longe ainda da marca de 171 livros que fazia por ano, quando lia três livros a cada dois dias, em média. Conheci autores novo, me enfiei na vida (e obra) de Saint-Exupery para escrever duas peças, estudei muito o Japão, me embrenhei na literatura lésbica clássica e moderna... Teve livros técnicos, romances, contos, biografias... enfim, o de sempre:

Hamlet e o filho do padeiro
Kafka a Beira-mar
Trilogia Millenium
Os Japoneses
Na ponta dos dedos.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ANIMÊS & FILMES

Eu assisti 37 títulos de ANIMÊS. Alguns tinham 11 episódios, alguns 24, outros tinham 3, 4... Vi títulos antigos, outros apenas velhos, vi desde Kodomo, passando por Shoujo, Yuri, Shonen, Ecci... Bem, o que me fez escolher esses cinco abaixo, foi o simples fato de me lembrar deles ao longo do ano, seja a trilha sonora, algumas piadas, textos inteiros, não importa: ficou na mente, vem pra lista:

Cowboy Bebop
BECK
Mishiko to Hatchin
Hell Girl
Azumanga Daioh


Agora... FILMES foi...bem, assisti 136 filmes em 2010, gastei ao todo R$ 236,00 entre cinema e locação, o resto foi baixado mesmo... Como sempre, é a lista mais difícil de se concluir, porque tem filmesq eu euacho importantes, outros o tema me pega mais que o resultado concreto, tem fotografias que valem mais que um elenco, tem diretores e roteiristas que precisavam ser divulgados... E sem me prender nas minhas obviedades, mas curiosamente, toda vez que assisto um filme romeno, ele aparece na lista, não me esforço para colocar nenhum nacional, ele vem por mérito. Assim como filmes japoneses. Assim como animações... Em uns a técnica me bate, outros a história me leva, e por aí vai... Apesar disso tudo, seguindo meus confusos critérios, aqui vai:


De Loveli
Os famosos e os duendes da morte
Tada Kimi wo aishiteru
Summer Wars
Vespa

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

TOP 5 - 2010 - II

Curiosamente, ano passado assisti 06 séries apenas (não estou contando o número de temporadas... Cold Case, eu vi seis temporadas seguidas, como este ano eu vi oito temporadas do Scrubs, por exemplo). Este ano 38! Contando os DORAMAS que comecei a ver esse ano, a idéia era contabilizar os dois juntos e fazer uma seleção entre os dois. Mas apesar de semelhanças, são coisas distintas – talvez nem tão distintas, mas vá lá. Então decidi contabilizar em separado. Seguem duas listas abaixo do que gostei mais em 2010.


SÉRIES:

Skins
Dexter
Supernatural
Californication
Scrubs



DORAMAS:

Kurosagi
Gokusen
Orange Days
Akai Ito
Kimi wa Petto

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ok, ok... enquanto o ano não começa, vamos lá para a lista do ano passado, hoje é

HQ!


É o mais difícil de escrever sobre, não só porque é uma arte complexa, mas também porque é um mercado complexo – pelo menos para fazer um Top 5 decente, para explicar é fácil. Este ano, além do Mangá que se manteve forte, muitas Novels estadunidenses apareceram e foram bacanas. Curiosamente, tirando dois títulos de uma lista de 12, todos eram de certa forma autobiográficos, o mercado estava mesmo propício a esse tipo de obra. Na minha lista tem 26 nomes, entre Novels, Quadrinhos mensais, Mangás Concluídos e ainda sendo publicados, obras italianas, argentinas e brasileiras. Sem muito critério, porque para mim é difícil mesmo, vai a lista:


NANA
Eensy Weensy Monster
Fun Home
Fábulas
MAUS