terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Não fale comigo.
Não me abrace.
Não me deixe sozinha!
Não me ofereça doces.
Não deixe de me dar bombons.
Não me lembre que fui eu mesma que pedi para não me oferecer doces.
Não me dê opiniões rasas.
Não me venha com filosofias.
Não ligue a tevê.
Não reclame da demora.
Não pense que eu vou dividir a conta com você.
Não faça cara de cachorro na chuva.
Não insista em assuntos da semana passada.
Não seja estúpido.
Não diga que sou grossa.
Não pergunte se eu quero pipoca. Faça e pronto.
Não espere uma opinião sensata sobre suas roupas.
Não pergunte o que eu achei do filme sem antes me pagar um milk-shake de ovomaltine.
Não me lembre que fui eu mesma que pedi para não me oferecer doces.
Não me faça repetir tudo isso de novo!"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

(Ela está fazendo uma atitude cotidiana, ele a admira. Entra a voz dele em OFF)

Ele – (em OFF) Eu sempre desejei você! Não, naõ fica bem. Eu sempre te quis! Nossa, parece música ruim. Hummm. Yo soy loco por ti! Hehehe. Acho que ela riria disso. Mas a intenção não é fazê-la rir, é fazê-la perceber o que eu não sou capaz de dizer. Você é a realização dos meus sonhos em forma de mulher! (algum som que demonstre desânimo) (pequena pausa) (animado) Já sei! Já sei o que vou falar! O que vou falar vai deixar bem claro meus sentimentos, não vai parecer piegas, nao vai ser brega, e ela vai entender tudo!
Ele – (ao vivo) Eusempre sonhei em transar com uma mulher como você!
Ela – (ela pára o que esta´fazendo e olha para ele) E agora?
Ele – (desconcertado) Agora? Agora eu já transei. (ela expressa alguma reação e volta ao que estava fazendo.
Ele – (em OFF) Merda.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

(Ele está quieto na dele, lendo algo, vendo tv, algo assim. Ela aparece toda agitada e feliz. Ele não a percebe, até que ela grita, anunciando um grande evento)
Ela – Festa do Buraco Quente!
Ele – Buraco Quente?
Ela – É!
Ele – Não vou.
Ela – Porquê?
Ele – Buraco quente? Coisa de gay. Não vou.
Ela –Não é nada de gay. È uma festa do pessoal do grupo, para arrecadar grana para montar a peça
Ele – Festa de grupo de teatro, e naõ tem nada de gay? (sarcástico) Tá bom.
Ela - Que pensamento mais retrógrado.
Ele – Certo. (pequena pausa) a coisa se chama Festa do Buraco quente, e não tem nada de gay? (sarcasmo) Tá bom.
Ela – Buraco quente é um tipo de lanche. Você pega o pão, tira o miolo e coloca um recheio, mas sem cortar entendeu? Você faz um buraco no pão e coloca, sei lá, carne louca, molho com salsicha, entendeu?
Ele – (nostalgico) Nossa, isso me lembrou de quando eu era criança, isso parece aquelas coisas que eu comia nas festas dos meus vizinhos quando eu era criança. (mudando de humor) Coisa de pobre. Não vou.
Ela – Como assim?
Ele – Coisa de pobre. Aquela salsicha cortada em quatro, carne desfiada. Não vou.
Ela – Mas como coisa de pobre se só para entrar tem que pagar mais de vinte pau? É normal hoje em dia fazer coisas meio bregas, meio de pobre para se divertir. É chique. É divertido. Descontrai, entende?
Ele – Hummm, acho que eu esou entendendo tudo agora; é uma festa para ir gente com grana, fingindo que gosta de coisa de pobre, porque na verdade gosta e não pode assumir, certo? Vão ficar comendo comida de pobre e pagando uma fortuna porque é divertido, ouvindo musica ruim, uma seleção do pior dos anos 80, de Sidney Magal a Beto Barbosa, porque é cool ser brega; cheia de gente descolada que não é bicha, nem sapatão, mas gosta de queimar a rosca, fazer um fio-terra e chupar um grelo porque está na moda; e vão fazer tudo isso num lugar caro com decoração estragada, ou sem decoração, porque assim é mais chique, né? E tudo isso porque é divertido, para descontrair?
Ela – É.
Ele – Não vou. (volta a sua possiçaõ original. Ela fica brava. B.O.)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

(Ele e Ela caminham. Ela está absorta, ouvindo walkman, ou analisando os pássaros, ou simplesmente sentindo o vento. Ele discorre sem para, sobre um assunto não muito entendível)

Ele – Olha, talvez tudo seja assim mesmo, não é? Uma grande coisa atrapalhada. Uma ferida aberta, exposta, que não dói. Nem sei porque chamei de ferida, vai ver que se chamasse de coceira ia diminuir sua importância, seu impacto visual. Existe isso, né? E existe esse troço estranho, que não tem cheiro, nem sabor e não refresca. Porque olhe bem, analisando assim de perto, é estranho, fala a verdade. E de longe então? Deve ser tão confuso, deve dar impressão de tanta coisa, menos a coisa em si. E eu chamando tudo isso de coisa. Não sei o que é pior. Na verdade até sei. O pior mesmo é mais que a promessa não cumprida. O pior mesmo é a ausência não é? O não-coisa, o não-nada. O que você acha?
Ela – (trazida de volta a realidade) Hã?
Ele – (sorrindo) Eu gosto de você.
Ela – Isso é bom.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PAULICÉIA CITY

-onde se leva a vida, e a vida leva a lugar algum-


Ela não me arranhava
porque eu não gostava.
Era alto quando gemia
porque eu queria.
Se postava de quatro
em pé na parede
ficava em cima da mesa
só para meu ego ter certeza.
Seu gozo era bonito
seu olhar uma delícia
E seu seio era mais maduro
do que eu seria um dia.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

To Stace With Love

Na cena vemos Ele que simplesmente olha para Ela. Ela respira fundo várias vezes, de forma intensa e nervosa. Se prepara para dizer algo. E diz:
Ela – (nervosa) Então pega esse dedo, enfia no seu cu, e rasga até a testa “seu” filho da puta! (desmonta completamente o personagem) O que você achou?
Ele – Isso aí é o texte?
Ela – Claro que não. Isso é o texto. Não é genial?
Ele – Bem, ninguém vai dizer que é um texto difícil, não é mesmo?
Ela – Como assim?
Ele – Que é um texto direto. Todo mundo que ver essa cena vai entender bem o recado.
Ela – Que é?
Ele – O quê?
Ela – O recado. Da cena. Qual é?
Ele – (gagueja) É... para todo mundo... um exemplo.
Ela – De quê?
Ele – (quase nervoso) Do que se deve fazer oras.
Ela – Que seria?
Ele – (nervoso, histérico) Enfiar o dedo no cu, porra. É para todo mundo enfiar o dedo no cu!
Ela – (descrente e divertida) Não tem nada a ver.
Ele – O quê?
Ela – Não é disso que fala a cena.
Ele – Como não?
Ela – Você não estava prestando atenção.
Ele – Quem é que presta atenção em alguém enfiando o dedo no cu.
Ela – Em primeiro lugar, ninguém está enfiando o dedo no cu de ninguém, e se estivesse, faria um sucesso horrores em São Paulo. Em segundo lugar, essa cena fala de amor.
Ele – Isso não me parece uma cena de amor.
Ela – E quem te disse como tem que parecer uma cena de amor? Você acha que todo amor é bonitinho, fofinho, de mulherzinha? Amor é horrível! Amor dói! Bate, apanha, machuca, sangra e não morre
Ele – Amor não morre?
Ela – Não. Ele implode. Ele é engolido pelo mundo, pelo ego, pela vaidade, pelo desprezo. O amor não conhece a sorte de uma morte calma e tranqüila. O amor nunca morre deitado na cama, dormindo. É sempre atropelado por um tanque de guerra, ou explodido por um homem-bomba, ou eletrocutado por um raio. Ninguém fica incólume, ninguém que sobrevive, fica sem cicatrizes, quando amor some, desaparece, deixando como resíduos suas marcas na carne, na pele...
Ele – (quase apático) Ual.
Ela – E então? O que você achou?
Ele – Do quê? Da cena? Do texto? Da sua visão do amor?
Ela – Da cena.
Ele – hummm, perturbadora.
Ela – E da minha visão do amor?
Ele – hummm, perturbadora.
Ela – E de mim?
Ele – hummm, perturbada.
Ela – (cara de deboche)
Ele – Mas você os seus problemas, eu tenho os meus...
Ela – E o quê que tem?
Ele – Que aceitar é mais difícil que querer. E que isso é amor.
Ela – Ta, entendi. Mas da cena, fala da cena.
Ele – Uma bosta.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PAULICÉIA CITY

-onde beijar era uma brincadeira-


Começo da tarde de sol.
in Sunday
A gente ria
corria
se escondia
E torcia para que ninguém estivesse vendo.