quarta-feira, 20 de março de 2013

Estou doente!
Estou com dores, vontade de vomitar, e calafrios.

Minha amiga KK está indo para o OutBack australiano (existe outro?). Esse texto é para ela.




"Ela era uma estrangeira. Não deveria estar ali. Seus genes não foram adaptados para tanto nada em torno. Sua pela não condizia com o sol e com a areia. Seus olhos eram claros demais, para suportar refletir tanta luz. Ela não deveria estar ali, porque não tinha razão aparente. Aparentemente seu corpo não foi criado para suportar tanta necessidade sem nome. Sua carga genética não deveria carregar sua alma e aquela espécie de sofrimento que a impulsionou para o outro lado do globo. Ela não abria a boca. Não queria perder o pouco de liquido que trazia em si. Não havia nada para dizer. E o que se pode falar quando se está diante de nada? Ela andava porque não podia parar. Ela não parava porque ainda não tinha chegado. Ela não chegou ainda porque não sabe para onde vai. Só não queria ter ficado onde estava, onde havia muito para ver, e muito para ouvir, e pouco a se dizer, apesar de falar bastante. Isso tinha feito. Tinha saído daquele estado urbano de não-morte, e estava procurando algum sinal de vida. Não diante de si, que só vento e areia e sol existia. No meio de lugar nenhum ela só poderia encontrar a si mesma."

terça-feira, 19 de março de 2013

Tentei fazer mais um Hai Kai...não deu.  É mesmo dificil - pelo menos para mim, que sou ineficaz.


bem, lá vai:


"Entorno um copo de gim
E a noite se torna
Um pouco mais terna."

segunda-feira, 18 de março de 2013

PAULICÉIA CITY




-onde os homens são homens, pena que eles não estão lá-


Sentado na mureta do viaduto
da maior rodovia da cidade
olhava o céu que mudava de cor.
Olhava os pequenos vaga-lumes se acendendo como postes
e janelas ao longe.
Em alguma dessas casas eu já deveria estar.
Alguma daquelas luzes não era mais a sua.
Usava a baixa-pressão para justificar aquela umidade que se formava nos meus olhos
Mas eu não conseguia justificar
o erro
aquilo que passei a reconhecer como pecado
nem a certeza de que nunca mais seria feliz.

sexta-feira, 15 de março de 2013


"Doía suas coxas.Doía todo seu corpo para falar a verdade. Mas era conseqüência dos exercícios de alto impacto que ela insistia em tentar executar no ritmo da música. Ela acreditava mesmo nisso. Que sua dor vinha da academia. Como também acreditava que a culpa de não conseguir concluir as repetições era devido a sua falta de ritmo, e não culpa da professora. A professora era perfeita, ela que era estragada por dentro e por fora. A professora, com seu top profissional que não retinha líquidos, com sua bermuda que parecia uma segunda pele, de tão justa e brilhante, era bem diferente dela, com sua camiseta ensopada de suor e sua bermuda larga, torta e mal costurada. Ela se sentia assim, no espelho durante a aula: larga e torta. Todo início da aula ela se lamentava e se culpava de estar ali; no fim, ia trôpega andando para casa. Mas desde que a professora deu um tapinha nas suas costas – TOCOU NELA – e sorriu – ELA SORRIU – e disse que ela estava melhorando – ELA FALOU – ela passou a sentir outra espécie de dor. Algo que a apertava mais que qualquer Lycra seria capaz. Algo que tirava seu fôlego, como se o peso dos halteres fosse dobrado, triplicado. Algo que a fazia muda e não era só a timidez. E essa dor sim, ela sabia, era culpa da professora. Da professora com seu corpo, sorriso e sendo de ritmo perfeitos."

quinta-feira, 14 de março de 2013



Se alguém te oferecer um óculos sem lente. 
CUIDADO.
É armação.

quarta-feira, 13 de março de 2013

rascunho



"Era um trecho curto e complexo, entre a cutícula machucada dela, e a pequena cicatriz no meu lábio. Era uma distância irrisória entre nossos seios, sua calcinha velha e minha depilação à base de cera de algas. Havia sim um abismo imenso entre o meu desejo e o que ela acreditava que fosse verdade"

terça-feira, 12 de março de 2013

IDÉIA PARA UMA SÉRIE DE TELEVISÃO





Conta a história de um advogado novo, recém-formado, promissor, e cheio de boas intenções. Em caso de mais importância, ele enfrenta o advogado famoso que será seu nêmesis – rival para os leigos.
Por ele ser mais comedido, e educado, ele é derrotado para total satisfação da assistência.
Saindo do tribunal, o advogado famoso, explica para ele a sua fraqueza de bom-moço. O rapaz não aceita isso como verdade, e segue perdendo alguns casos par ao mesmo cara. Um dia, ele perde um caso sério, e decide mudar de modo de agir. Ao longos dos episódios vê-se ele mudar de estilo e enfrentar o outro até chegar no mesmo nível.
No último episódio, ele está defendendo um cliente que com certeza é culpado, ele consegue convencer o júri do contrário e acaba inocentando um estuprado, um assassino, algo assim. Ele vence seu inimigo. Percebendo toda a situação, ele percebe que se tornou aquilo que ele nunca quis ser. Ganhando, ele perde.

O nome da série é: O Gladiador.

Toda a filmagem seria inspirada em lutas de arenas, com expressões exageradas, e câmeras lentas na face do público, no júri, foco em suor escorrendo, nos braços, enquanto falam, defendem seus clientes, dariam ênfase de golpes, essas coisas....

Rascunho para uma cena onde o Rival, se encontra com advogados menores de seu escritório.

Rival – De onde você é mesmo?
Colega – Do Rio, senhor.
Rival – Coitado de você, heim! Para que serve um advogado no Rio? Quem pode pagar, normalmente não precisa.
Colega – É verdade, senhor.
Rival – Mas o Rio é um lugar bonito. Minhas melhores transas foram lá. E as suas?
Colega – (gaguejando) Aqui senhor.
Rival – Em São Paulo? Não. Você precisa conhecer o Piauí.
Colega – (gaguejando mais) Não, senhor. Foi aqui, nesse escritório.
Rival – Aqui?
Colega – Com o senhor, senhor. (chora)
Rival – (Amável e o abraçando, entre sarcástico e satisfeito) Sei, sei... Foi bom mesmo. Você não pode esquecer que você estava de costas, por isso não lembro da sua cara.
Colega – (enxugando as lágrimas. Patético) Eu sei senhor. Muito obrigado senhor. (se afasta para sentar para a reunião.)

quinta-feira, 7 de março de 2013

1° Hai Kai

"A noite fica
mais escura quando
o gato pisca."

segunda-feira, 4 de março de 2013

memórias



PAULICÉIA CITY
-onde cousas acontecem-


Ela se virou
com toda a certeza do adeus.
Deu dois, três passos
E eu sem consegui pensar
Agi.
Apertei o esguicho
e lhe dei um banho com a água gelada da mangueira.