terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Existe a Rima Pura
Existe a Rima Dura
E existe a Rima Burra.
Essa é um exemplo."

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde os estragos causam poucas sombras-


Demonstrava afeição em seu sorriso.
Suas unhas demonstravam esforço.
Andava sempre mais do que precisava
Era amada menos do que merecia.
Nunca a tive.
Nunca deixei de querer.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Não era para ser assim. Deveria ser um papel rústico, mas brilhante, ao mesmo tempo flexível e duro, com suas bordas queimadas e seu miolo claramente limpo. A caneta deveria ser uma pena de algum pássaro que não conheço, e mesmo sem tinta, ela escreveria tudo, sem borrar e sem ter uma bolinha de ferro na ponta. A assinatura bastaria uma gota de sangue, vinda de um pequeno furo no meu dedão, feito com um grampo que apesar de ser afiado e comprido, nunca te machucaria quando o usasse para prender o cabelo; este grampo você deixaria de propósito na minha cama, dentro do meu convés de capitão pirata, que não balança. Apesar da pouca água e da falta de costume, seu cabelo estava sempre lindo e você sempre cheirosa, nunca suaríamos depois e durante o amor. Para fechar a carta, nada de cola do correio, um pouco de cera vermelha, amassada pelo meu anel. Uma ave levaria a carta, ou um mensageiro sobre cavalo. Nós ficaríamos juntos no final, como em todos os filmes que assisti. Não era para ser assim..."

terça-feira, 22 de novembro de 2011

"Eu sempre dizia que só sabia contar até 07. Era uma piada interna. Porque o revolver que usava era antigo, era do meu pai, e só cabiam 07 balas no tambor. Era de tambor. Eu disse que era antigo. Meu pai chamava o revolver de 007, e pedia “licença” quando atirava em alguém. Era a piada interna dele, não vou julgar. Era um revolver pesado, feito para ser eterno, confiável. Teve uma vez que tomaram ele de mim, uma das 05 vezes que dei mancada, sou um cara de sorte, mas tenho medo de chegar na sétima mancada. Meu pai só deu mancada uma vez, e foi a última. A minha quinta mancada foi por causa de mulher, como todas as outras vezes, e um fiodiputa, como dizia meu pai, conseguiu pegar meu revolver e apontou para mim. Não é difícil ser inteligente, é só pensar. Deve ser mais fácil ainda ser burro, mas eu não julgo ninguém. Eu disse para o desgraçado que como é que ele ia atirar com o pino de segurança levantado? Ele tirou os olhos de mim e procurou pelo pino de segurança. Saquei a pistola, outra herança do meu pai, e fui mais rápido. Onde é que já se viu pino de segurança em revolver? A ignorância é uma benção, a burrice é um martírio. Faz tempo que não vejo aquela pistola. A diferença entre uma pistola e um revolver é maior que a aparência. Já tive uma bereta também. Mas o que eu sinto falta mesmo é do revolver 07 balas do meu pai. Sou um sentimental, quem pode me julgar?"

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Hoje é só para dizer que amanhã tem coisa.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Há um momento e um estrago, ambos dentro de mim. Há uma foto e uma saudade, presas com fita crepe na porta da geladeira. Há copos sujos e pratos mal lavados. Há um sinal de fax que nunca deveria ter existido. Há restos e cigarros espalhados pela casa inteira. Há um espelho quebrado, um pé machucado, e rastros de sangue nos tacos, azulejos e na almofada. Há pequenos eus pontiagudos no chão da sala. Nenhum olha para mim por inteiro. Não há muito o que ver. Há falta de Bourbon e de música boa. Há um momento que eu ouço sua voz e digo não. Há um gosto de sal. Um frio na pele. E um arrependimento de estar vivo. Há uma janela que trás vento e sol, eu me afasto. Há uma porta que pode te trazer ou me levar, eu evito. Há uma atitude que pode acabar com tudo isso e colocar em calma meu interior e algo agradável na minha aparência, eu desconheço."

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PAUICÉIA CITY

- onde o clichê é um chavão-


No palco
Eu vi as luzes, figurinos, maquiagens
e ela
E não vi mais nada.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Esta semana teve apresentação na terça (A-5087)
Estréia na quarta (Mulher em estado de óbito)
Apresentação na quinta (A-5087)
e no sábado terá "O que aprendi com o Pequeno Principe"

E hoje... IMPERCÁVEL


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Agora, ás quintas!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

É apenas uma ligeira necessidade de se sentir vivo. Esperar o sol nascer até sua luz chegar queimar minha pupila, e então, entrar. É sempre assim. Todo dia. Eu comecei a perceber a pouco tempo que meus cabelos não queimam, ou talvez apenas não dê tempo. Eu sinto as unhas ressecarem e começarem a estalar, sinto o fulgor sobre a pele das mãos e na testa. O nariz também não me incomoda. Estranho. Estranho sou eu pensando nisso enquanto sinto arder. Talvez isto aqui esteja perdendo o sentido, já que eu não me aquieto mais como antes.
Talvez eu devesse fechar os olhos a partir de hoje, a partir de agora. E só voltar para meu quarto quando queimar as pálpebras, e quem sabe o cabelo, ou os pêlos do nariz, ou o peito. Quem sabe? Quando irei saber que tudo isto é apenas um desejo de morrer para sempre, cansado de viver para sempre? Evito abrir os olhos e sinto um segundo de calor agradável por toda a pele e percebo as chamas nos meus ombros e orelhas. E deixo. Acho que agora sim meu cabelo queima. Talvez eu devesse abrir os olhos e ver o sol pela última vez. Se desse tempo, eu o faria.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

punk como a vida deve ser.

Hoje tem O Castelo do Vampiro!



Amanhã tem Ofélia no festival de Duque de Caxias - RJ





E no domingo tem estréia do "O principe e a Rosa" - espetáculo de mímica do P.P.P.C. em Diadema.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tem um momento exato da minha vida que eu prefiro lembrar do meu jeito. Mesmo sabendo que aquela luz cálida sobre nós, não era o luar, mas uma lâmpada. Mesmo sabendo que não era o som de fundo não era outra coisa que não Bjork. Mesmo sabendo que o seu sorriso não era tão claro e verdadeiro como parecia. Mesmo sabendo que entre nós, só um estava realmente apaixonado, e não era você.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Estréia! ESTRÉIA!!





A DATA ESTÁ ERRADA.. SÓ VAI ATÉ 30 DE SETEMBRO!!!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

o primeiro conto que escrevi na vida

"Maldita hora que resolvi te ligar, 'matar a saudade', você não estava, pego o telefone da loja, 'Loja?!Eu não sabia, já faz uns 3 anos!'. Ligo para a loja surpreso, 'nossa, com uma loja', mas sem perder aquela idéia de agradar, fazer uma surpresa, 'dar um susto, vou começar já gritando, perguntando das minhas ecomendas, reclamar da demora, e quando estiver bem confusa, digo: sou eu, e todos ficamos felizes e ótimo', atende uma empregada, peço para te chamar, 'uma empregada', aparece um cara 'Oi, é o Thiago, pois não?','eu queria falar com', 'sobre o que se trata?', 'sou amigo dela', 'Ah, pode me dizer o nome?', digo, já tinha acabado a surpresa mesmo, 'você pode ligar depois? ela esta amamentando', 'Claro'.

pensando-loja-lembrando-amamentando-sentindo

Precisava beber alguma coisa, fui até o supermercado e só pude comprar 1litro e meio de agua mineral, antes de abrir eu li:"agua mineral radiotiva da fonte, composição quimica provável: Bicarbonato de Bário, Bicarbonato de Estrôncio, Bicarbonato de Cálcio, Bicarbonato de Magnésio, Bicarbonato de Potássio, Bicarbonato de Sódio, Nitrato de Sódio, Cloreto de Sódio" -'Isto deve me fazer todo o mal necessário'- Abri e bebi, bebi tudo, bebi 1itro e meio de bicarbonatos diluídos em H2O radiotivo, com Ph 7,8.
E só depois, só depois dessa química toda, é que pude chorar."

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nos meus sonhos, você ainda me beija.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

nossos aniversários!

Viva eu!
Viva Marli Paixão!
Viva Nelson Rodrigues!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PAULICÉIA CITY


-onde os prazeres se dividem e as graças multiplicam-


Com seus dentes separados de forma harmoniosa
e seus olhos cuidadosamente assimétricos
pisando levemente mais para fora que para dentro
e expondo uma nesga de pele calmamente manchada e adorável
Abraçou a nós e se foi rebolando, com seu cheiro de flor.
Eu a olhava com indisfarçável vontade de morder aquela cicatriz nos lábios dela.
Minha amiga, ao meu lado
Olhava com indiscriminada saudade de ter mordido aqueles lábios, e tudo em volta.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

correndo nesse tempo...

Indo ao Rio - ensaiar e dar oficina (duas: uma de dança e outra de mímica).
Temporada A-5087 indo bem - as sextas.
Literatura Travessa - mudando de dia e ampliando os planos.
Mês que vem tem mais 04 estréias!
Em outubro tem outra.

muito corrido para atualizar isto aqui.


"pretendo fazer melhor da próxima vez"

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

yo conpreendo!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Fala que você está bem e que está sorrindo. Estou precisando de uma boa notícia hoje."

quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Eu não admito que me chamem de viado. Ou de gay. Ou bicha. Ou qualquer coisa assim. Eu não admito. Eu sei que fazem isso. O tempo todo. Alguns do meu trabalho nem sabem o meu nome. Só me conhecem assim. O viado. Ou a bichinha. Ou qualquer coisa assim. Eu sei. Alguns até parecem fazer isso sem o toque de maldade ou ódio que conheço bem. Esses me chamam de gay. Mas eu não admito. Eu minto para mim mesmo que não é comigo. Quando me perguntam se está tudo bem, eu sempre respondo que sim. Eu nunca vou admitir."

terça-feira, 26 de julho de 2011

"Abro o chuveiro e molho toda minha roupa. E choro. Como sempre faço.
Fecho os olhos e tiro a blusa molhada e coloco outra por cima do meu top. Esse eu não tiro, só depois. Só depois que começa a doer e marcar muito. Ainda agüento mais um dia. Eu passo um lenço umedecido infantil nas axilas, passando a mão pela manga. Depois coloco desodorante. Spray. Depois abro os olhos.
Fecho os olhos e tiro a cueca junto com a calça. Coloco outra que já tinha separado. Abro os olhos. E me arrependo. Como sempre faço.
Pego uma meia e não coloco dentro da cueca para fazer volume como já fiz algumas vezes. Só escolho uma calça mais larga que comumente usam e tudo bem.
Coloco um tênis porque é unisex.
Queria ser unisex. Minto. Como sempre finjo não notar.
Coloco um sorriso que combina com o dia e saio do banheiro, com tudo preparado para dizer bom dia aos meus pais. Com sorte, isso não acontece hoje. Saio mais cedo que o normal e pego a bike. Vou para pista de skate. Onde uma mina que é sapa briga comigo e não entende, e onde um cara conversa comigo e não se incomoda. Gosto de conversar com os caras que não me incomodam.
Uma frase mal dita. Uma situação maldita. E pego a bike e volto chorando. E prometo nunca mais chorar. Como sempre faço."

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Ele diz que me ama. Mas não agora. Agora ele não diz nada. Agora ele só aperta meu braço e me empurra. Me empurra em direção a parede e minha cabeça derruba um ou dois quadros. Agora eu tenho um pequeno corte que não percebo imediatamente, só depois, só depois de perceber a umidade do sangue. Mas isso é depois. Depois de olhar seus olhos e não reconhecer mais com eu estava falando. Depois dele ficar em silêncio e me empurrar. Mas isso foi antes. Isso foi antes dele me jogar no chão. E gritar. E gritar algo que não escuto porque seus tapas e meus gritos não deixam. Antes de ele pegar minha cabeça e bater no chão e perceber que o sangue na mão dele e em sua camisa são meus. Antes ainda de eu fechar os olhos e ouvir um zunido que vai baixando aos poucos ate sumir. Agora sim. É agora. É agora que ele diz que me ama."

terça-feira, 19 de julho de 2011

Semana que vem vou ao Rio.

Ensaio das três peças!

Bora?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Hoje tem!


Pessoas queridas me pediram convite!

Seja mais uma!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Um cheiro de caramelo invade meu nariz enquanto envolvo a pele branca do teu seio com meus lábios. Unhas pequenas tentam arranhar meu braço, mas nada fazem para impedir. Minha pele se estica querendo alcançar a sua. No umbigo, marcas de saudade. Nos teus pêlos, marcas de desejo. Teu sorriso sarcástico some no mesmo instante que você arfa de gozo."

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Quando cheguei aqui no Japão, foi horrível! É muito duro ser brasileiro aqui, não sou descendente, tenho cara de latino, ou seja, um suspeito em potencial, a minha profissão no Brasil, isto é, o que eu tentei fazer no Brasil, foi ser desenhista, não eu não vim aqui tentar o mesmo, não sou idiota, e nem gosto de manga! Acho horríveis aqueles olhos enormes! Vim, sei lá, tentar qualquer coisa, ou ser mendigo mesmo. Aqui eles jogam televisões novas no lixo! Eu vi! Então eu vi o anuncio num jornal em inglês/japonês, típico para turista, pedia homem, com mãos delicadas e firmes, unhas feitas e muito limpas. Não entendi nada, pensei até que fosse para comercial de algum creme, onde só aparecessem as mãos, talvez umas fotos. O que mais estranhei, foi o que o anuncio era realmente para turistas, para gaijins, para não-jaoneses, isso estava claro pelo jornal onde estava publicado o anuncio. Mas eu fui! Levei uns desenhos que fiz naquela mesma tarde, fiz as unhas eu mesmo, e me encaminhei para o endereço, muita gente na fila, tinha até alguns nisseis brasileiros, o que era estranho, tinha italianos, espanhóis, e eu. O homem que fazia a seleção me olhou, olhou minhas mãos, passou os olhos pelos desenhos, e me pediu para que separasse uns grãos que ele tinha disposto na mesa, havia milho, arroz e outros que desconheço, não entendi mas fiz, e rápido até. Ele percebeu, e me pediu para limpar uma luva de couro que estava toda suja por dentro, era tudo muito estranho, mas tudo bem, fui esperto, emplastei a minha mão num produto que tinham lá, enfiei dentro da luva, mexi, mexi, e a virei do avesso com um puxão, o homem ficou impressionado, a mergulhei cuidadosamente numa bacia preparada, e pronto! Estava limpa! Ele me sorriu e fui contratado! Virei limpador de bunda de lutador de sumô! Eles não conseguem se limpar, porque não alcançam... Cresci na profissão! Hoje tenho uns dos melhores salários do país! E só eu posso limpar as bundas dos campeões!"

quinta-feira, 30 de junho de 2011

"Ela tinha tantos pêlos que parecia suja. O cheiro também não ajudava. Estava parcialmente nua – uma frase que acredito nunca ter dito antes. Ainda bem, eu precisava de alguma novidade na vida. Uma mulher, com aqueles olhos, aquela boca, aquela expressão, com restos de suas roupas espalhadas em volta... bem, não era uma novidade. Seria se ela estivesse viva. Mas elas nunca estão. Tirando o fato dela ter o corpo todo coberto de pêlos, ela não difere em nada das outras vítimas. Mesma idade, mesmo biótipo, mesma cidade. Procuro as marcas de sempre, encontro duas: a que ele faz perto da orelha esquerda e a laceração ao lado das costelas. Com calma, encontro uma coisa nova: marcas no cotovelo. Parecem uma mordida parcial. Isso não é comum. Ele nunca morderia, sempre foi esperto. Penso que... procuro perto do corpo... talvez ela fosse mais esperta... me afasto dois, três passos... que as outras e tivesse... procuro e não encontro nada. Volto para o machucado e confio em mim. E confio nela. Eu tenho um carinho especial por ela, gosto de quem luta por algo. Espero levarem o corpo. Agora vou correr em todos os dentistas. Ela conseguiu quebrar alguma coisa, com certeza. Mentira. Não tenho certeza. Mas eu tenho algo que nunca tive até agora nesse caso. Uma questão pessoal."

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Ódio é outra coisa. É algo superior. Vibra em outras esferas. Curioso que ódio em francês é feminino... Estou falando de rancor. Rancor é físico. Você sente seu estômago sendo mexido, sente as vísceras se reorganizando, mudando suas posições e formas, porque surgiu um órgão novo, um elemento vivo, sólido e flexível: Rancor. Você tem duas opções, como tudo na vida: ou deglute e tentar transformar em arte; ou racionaliza e tenta transformar em dinheiro."

segunda-feira, 27 de junho de 2011

PAULICÈIA CITY

-há um lugar bom para se estar, que não é aqui-


O sol esquentava minha juventude
e o couro do sofá.
Ardia minhas pequenas frustrações
e me fazia ruminar as derrotas.
Iluminava minhas pálpebras
e clareava dentro de mim as tristezas futuras.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Dialogos perdidos - IV

B – eu não me entendo muito bem. E as vezes eu acho que falta alguma coisa. Eu sinto que não caibo no mundo.
A – Eu não conheço ninguém que tenha nascido depois dos anos 80, que se sinta completo.
B – porque?
A – Talvez as emanações elétricas dos cabos das TVs, ou o consumo de pipoca de microondas, ou talves as próprias microondas, que sabe?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

PAULICÉIA CITY

-quer se queira ou não-


Sua pele era branca
Seu cheiro era bom
Seus pêlos era um convite.
Havia algo de fim de maio em seus olhos.
Sua boca era doce
e seu corpo leve ao toque.
E elétrico.
Faíscas aconteceram
quando suas unhas arranharam minha pele
quando meu suor caiu sobre o dela
quando unimos nossos sexos.
Havia a certeza da despedida em breve.
e algumas manchas de sangue no lençol.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Vindo do Rio, ralando o ProAC, Indo para Tupã!


aff.. preciso criar vergonha na cara!

segunda-feira, 23 de maio de 2011



Quer for na estréia não paga!

E ainda ganha um café!

E um brinde!

E um abraço!

:O)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

continuação da matéria da Neo Tokyo

A ROSA DE VERSALHES

Nos anos 70, houve um intenso movimento feminista, as mulheres queriam mais do que serem tratadas como mãe ou como objeto sexual. Além da luta de serem respeitadas e valorizadas nos ambientes profissionais, haviam suas necessidades pessoais. O casamento por amor era uma novidade, e se tornou uma tendência manter uma relação de amizade entre os cônjuges. E qual mangá que é a idealização desta nova mulher japonesa? Lady Oscar!

Ambientada nos anos que precedem a Revolução Francesa, Berusaiyu no Bara (A Rosa de Versalhes) conta a história de Oscar, uma mulher criada como homem pelo seu pai, que se torna chefe da guarda francesa, responsável pela segurança de Maria Antonieta. A história gira em torno do amor (real) de Maria Antonieta por um conde sueco e, principalmente, em torno do amor de Oscar e André (ambos fictícios). Este mangá foi tão importante que quando Lady Oscar (assim chamada pelos fãs) morreu, houve uma comoção generalizada: Algumas classes tiveram suas aulas canceladas, porque as meninas não conseguiam parar de chorar, houve quem ficasse tão abalado que não conseguiu sair de casa durante dias.
Corajosa e valente, havia feito uma carreira militar de prestígio por meios próprios; conhecera o amor na forma de seu criado, André – que era um amigo de infância; diante das injustiças do mundo se torna revolucionária; e morre defendendo seus ideais na queda da Bastilha. Além de loira, com cabelos longos e fartos, bela em sua androgenia, Lady Oscar era a representação exata do ideal da época onde os papéis sociais pré-determinados estavam sendo discutidos.

ANOS 80


Existe no pensamento japonês, de forma enraizada, que a pessoa mais adequada para cuidar das crianças, e isso justifica o afastamento desta do mercado de trabalho, é a mãe. Devido a isto, o governo incentiva as mulheres casadas a serem “do lar”, recebendo um auxílio financeiro. Parece bom, não é? Mas o que acontece quando os filhos crescem e saem de casa? Quando não há o que fazer além de esperar o marido voltar do trabalho, para comer e dormir? Nunca conversaram durante anos, vão conversar o quê agora? O que acontece? O VAZIO. Foi percebido uma grande insatisfação das mulheres no que seria seu papel social, e isso gerou grandes questionamentos sobre a divisão sexual do trabalho.
E qual a situação da heroína nos mangás em plenos ’80? Bem, digamos que neste momento de grandes questionamentos, a maior heroína da época era... um homem.
Ranma Saotome, do mangá Ranma ½, é um garoto de 16 anos de idade que caiu em uma das Fontes Amaldiçoadas de Jusenkyo, por isso se transforma em uma versão feminina de si mesmo quando molhado com água fria, mas volta a ser homem ao ser molhado com água quente. Sendo disputado por quatro noivas diferentes, e por vários homens que caem em seus encantos na sua forma feminina.
Novamente está presente a dualidade de gêneros na mesma personagem, mas ao contrário de se parecer um homem (Lady Oscar), ou de se desfarçar de homem (Princesa Safire) Ranma é homem. Pelo menos a maior parte do tempo. O contra-peso da questão está na figura de Akane Tendo, estudante que apesar de ser extremamente cortejada pelos garotos da escola, repele os homens - a custa de muita pancadaria por sinal, dizendo que só vai sair com quem vencê-la na luta. Ela é a filha mais nova e herdeira do Dojo de sua família, e foi prometida como noiva para Ranma, apesar de ambos repelirem essa idéia. Acontece que quem a vence pela primeira vez na vida é justamente Ranma na sua forma feminina. Ao descobrir a verdadeira situação do seu “noivo”, Akane passa o restante dos episódios tentando se tornar uma lutadora mais eficiente – e não conseguindo; e Ranma tentando deixar de se transformar em mulher – Idem.
É curioso notar que enquanto o Estado Japonês incentiva as mulheres a desempenharem o papel de dona de casa, a família Tendo faz o mesmo com a jovem Akane, mas esta recusa a situação. E apesar de ser a filha mais nova, é a herdeira. Ou seja, aquele Sistema Ie que conversamos no começo da matéria já está se esfarelando.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Matéria minha na Neo Tokyo

Este mês sapiu uma matéria minha na revista Neo Tokyo.
ÊÊÊÊÊ!!!

mas como é grande vou publicar aos poucos...


Até 1945, o Japão era bem diferente do que é hoje: Era governado por um deus vivo, e toda a sociedade era baseada no Sistema Ie, algo que pode ser entendido como “família”. Aquele núcleo social composto avós, pais, filhos, netos, genros, noras, etc. Todos morando na mesma casa e servindo a uma hierarquia de poder e privilégios: os homens antes das mulheres e os mais velhos antes dos mais novos. Essa hierarquia refere-se a tudo: desde o direito a fala até a ordem do banho. Segundo esse sistema, por exemplo, o filho mais velho recebia toda a herança dos pais (negócios, terras, dinheiro) e os outros irmãos recebiam nada. Quando uma mulher casava, ela realmente deixava sua família e entrava na família do noivo, recebendo assim, novos pais e mais obrigações. Como nas antigas sociedades, a mulher era moeda de troca, a família tratava dos casamentos visando acordos políticos e financeiros. Essa maneira de agir e pensar se estendia por toda a sociedade japonesa, até culminar na figura do Imperador, que seria o “Grande Pai” de todos.
Só após o fim da II Guerra que as coisas mudaram.
Apenas a partir de 1945 é que as mulheres tiveram direito ao voto, e puderam se candidatar a cargos públicos, e a constituição de 1947 define a igualdade de direitos entre homens e mulheres e promove a liberdade do casamento, ou seja, as mulheres agora poderiam se casar somente se quisessem.

E qual o mangá, escrito para o público de jovens garotas, refletia muito bem essa nova realidade?

A PRINCESA E O CAVALEIRO

Numa terra onde apenas os homens podem governar, uma menina é tratada como futuro rei. Safire, a princesa, é apresentada a todo o reino como um menino, esta farsa visa combater de frente um duque terrível, que seria o próximo na linha de sucessão ao trono. Mas ao fazer quinze anos, Safire conhece o príncipe Franz e se apaixona. Agora o futuro de seu reino e de seu coração está em suas mãos. Este é o enredo-base de A Princesa e o Cavaleiro (Ribon no Kishi). A história de uma heroína que possuía dois corações, lutava com espadas, usava uma peruca exageradamente glamorosa e vivia um amor impossível, foi o escrita e desenhada pelo deus do mangá Osamu Tezuka.

Antes das aventuras da princesa Safire, as histórias escritas para meninas eram todas escritas e desenhadas por homens, e assim, as histórias eram baseadas na opinião masculina do que as mulheres deveriam querer. Sempre se tratavam de histórias onda uma garota que sofria, e ansiava pelo casamento e maternidade. Este mangá deu voz ativa para as heroínas. Propôs as suas leitoras que lutassem pelo que achassem certo, mesmo contrariando os desejos dos pais e da sociedade. Está certo que no fim da história, Safire se torna efetivamente mulher, com um só coração e se casa. Mas estamos falando de 1953. A Princesa que também era cavaleiro foi uma revolução.

Foi a primeira história longa para meninas. Se antes duravam dez páginas ou menos, Ribon no Kishi durou 3 anos. Ele introduziu os olhos grandes, os corpos longilíneos e os cabelos espetados. Foi essa história, voltada ao público feminino, que foi a base da estética que iria moldar a industria do mangá como um todo.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Por unanimidade, Supremo reconhece união estável de homossexuais

Eu ia até escrever uma história hoje.. mas essa conquista merece todo espaço possível!

Não é segredo que sou adepto a luta contra homofobia há anos.
Segue abaixo a matéria do site Uol:

Por unanimidade, Supremo reconhece união estável de homossexuais

Em um julgamento histórico e por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (5) reconhecer as uniões estáveis de homossexuais no país. Os dez ministros presentes entenderam que casais gays devem desfrutar de direitos semelhantes aos de pares heterossexuais, como pensões, aposentadorias e inclusão em planos de saúde. A decisão pode ainda facilitar a adoção, por exemplo.

Foram analisados dois pedidos no julgamento: um deles do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para que funcionários públicos homossexuais estendam benefícios a seus parceiros, e o outro da Procuradoria-Geral da República (PGR), para admitir casais gays como “entidade familiar”. A decisão do Supremo terá efeito vinculante, ou seja, será aplicada em outros tribunais para casos semelhantes.

Na sessão de hoje não votou apenas o ministro José Antônio Dias Tóffoli, que se declarou impedido de participar, já que atuou no processo quando era da Advocacia-Geral da União. O ministro Carlos Ayres Britto foi o relator, acompanhado pelos demais colegas para definir a vitória dos movimentos homossexuais.

O julgamento começou na quarta-feira (4), quando falaram o relator e cinco defensores da iniciativa, além de dois adversários –um deles representante da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Os ministros, no entanto, evitaram listar todos os benefícios que os casais gays passariam a receber

Em sua decisão, o ministro Ricardo Lewandowski aprovou a união, mas ponderou que o Congresso deve legislar em temas ainda não previstos pela Constituição ou reservados a pares formados por um homem e uma mulher. O presidente da Corte, Cezar Peluso, afirmou que existem similitudes entre casais heterossexuais e uniões homossexuais, não igualdade.

Diante de um plenário menos disputado do que na quarta-feira (4), quando o julgamento começou, os ministros evocaram o combate ao preconceito para votarem a favor da união estável gay. “A homossexualidade caracteriza a humanidade de uma pessoa. Não é crime. Então por que o homossexual não pode constituir uma família? Por força de duas questões que são abominadas por nossa Constituição: a intolerância e o preconceito”, disse o ministro Luiz Fux.

“O reconhecimento de uniões homoafetivas encontra seu fundamento em todos os dispositivos constitucionais que tratam da dignidade humana”, afirmou o ministro Joaquim Barbosa, em uma decisão que durou menos de dez minutos.

O Congresso foi criticado pelos ministros da mais alta corte do país. Peluso ergueu o tom da voz para fazer uma "convocação que a decisão da Corte implica, para que o Poder Legislativo assuma essa tarefa [de discutir direitos dos homossexuais], a qual ele não parece ter se sentido propenso a exercer". "O Poder Legislativo tem que se dispor e regulamentar", completou o presidente do STF.

O ministro Gilmar Mendes afirmou que os políticos vivem "um quadro de inércia" para legislar sobre o assunto. Lewandowski também fez críticas ao Poder Legislativo e admitiu que o Supremo assumiu uma função que caberia à classe política.

Entenda o julgamento
Entre as novas garantias que podem ser dadas após a decisão do Supremo estão pedidos de aposentadoria, pensão no caso de separação e uso de plano de saúde. Algumas decisões para estender direitos aos parceiros do mesmo sexo já foram tomadas por tribunais, mas o STF nunca tinha se pronunciado sobre o assunto.

Em seu voto proferido ontem, quando a questão começou a ser discutida, Ayres Britto também cogitou, sem se aprofundar, a possibilidade de adoção de crianças por casais homossexuais.

Antes de relatar os casos, Ayres Britto pediu um levantamento nos Estados para saber se a união civil de homossexuais já era reconhecida. O ministro detectou que isso aconteceu em tribunais de dez unidades federativas: Acre, Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Essas decisões, de primeira ou segunda instâncias, podem pesar a favor do movimento gay no julgamento no STF. As decisões judiciais autorizaram não apenas as uniões civis homossexuais, mas também pleitos de pensão e herança.

Mais de 20 países de todo o mundo reconheceram a união civil de homossexuais antes do Brasil, incluindo o Uruguai. Outros, como a Argentina e várias partes dos Estados Unidos, permitem casamentos gays –uma decisão ainda mais condenada pela Igreja Católica.

quarta-feira, 4 de maio de 2011


“Jovem italiana com rosto completamente judaico, a não ser pelo perfil. Levanta-se, as mãos estendidas para o parapeito, e com apenas o corpo miúdo à vista, sem o estofo dos braços e ombros, agarra um pilar como se o vento estivesse para arrancar uma arvore. Lia uma novela policial que seu irmãozinho por muito tempo ficou pedindo empestado, inutilmente. Sue pai, ali perto, com o nariz pronunciadamente recurvado, enquanto o dela apresenta uma suave curvatura no mesmo lugar e por isso mesmo era menos judaico. Olha freqüentemente para mim, por curiosidade, para ver se eu não teria finalmente a bondade de parar com aquele (este/meu) olhar importuno.”

Relato de uma viagem, 09 de setembro de 1911 – onde anotava o que via, onde pudesse, o tempo todo.



Kafka, preso a sua própria solidão, era um homem conturbado com acessos de genialidades. Fosse hoje com twitter e celular, seria apenas mais um chato.

terça-feira, 3 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde as canções não são assobiadas-


Seu nome era sentimento
E meu sentimento não tinha nome
nem lugar.
Tinha alvo, meta, desejo
Tudo que pudesse ser resumido em uma imagem
sua boa
Que dizia seu nome
meu sentimento
Que quando sorria
me fazia gritar por dentro.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Dialogos perdidos - II

B – Você me liga?
A – Claro.
B – Promete?
A – Nunca.
.....

segunda-feira, 25 de abril de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde as flores não servem para cheirar-


Gastei pouco dinheiro
mas era exatamente isso o que eu tinha
Foram necessários uma dose de criatividade
um pouco de tempo e dois terços de coragem
Suei medo e engoli a seco a estupidez
Deixei no seu quintal um bombom e uma poesia que não era minha.
Ganhei uma lembrança romântica
e perdi uma amiga.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vem para mim, e me mantenha assim, colada na parede. Arranha de leve minha pele, e me deixe sentir seus dentes. Molhe minha panturrilha e sobe. Sobe. Encoste seu nariz, seu queixo, suje de batom minha calcinha de algodão. Afasta o elástico, encoste a língua, sinta com seu dedo. Não pare. Se apresse pelo meu umbigo, aperte meu seio, o outro também. Respire forte no meu pescoço, não me deixe ouvir mais nada. Não pare. Aperte algumas partes da sua perna na minha perna, não se incomode com minha coxa, não ligue para minhas costas, isso não interessa agora. Continue com seu dedo, e com seu arfar. Perceba que vai ser logo e tampe minha boca para que eu não grite. Sue, morda meu ombro e relaxe um pouco enquanto eu mordo a parte polpuda de sua mão, enquanto eu estremeço no quadril, enquanto o bico de um seio, ainda mais sensível, sente a brisa que entra pela porta aberta. Suspire e sorrie, assim como eu.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

PAULICÉIA CITY

-um lugar para se arrepender-


Bonita, úmida e gulosa.
Gemia gostoso
e sabia dar e receber prazer.
Carinhos e mordidas na medida
e nos lugares certos.
E mesmo assim
eu não queria estar ali.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

Debate On Line sobre Classificação Indicativa

Quer fazer algo de útil pela cultura e lutar contra a censura?


http://culturadigital.br/classind/

Mas por favor, se você acha que pintar o sangue dos Cavaleiros do Zodíaco de branco para fingir que eles estão suados em vez de sangrando... Faça algo de útil pela cultura e vá a merda!

quinta-feira, 31 de março de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

Quando uma pessoa passa a existir? Quando ela é notada. Essa mulher na minha frente, que lê sua revista, não existia até agora. E demorou alguns segundos na verdade, para ela existir completamente, porque há poucos segundos atrás o que existiam eram seus dedos, com suas unhas meticulosamente cuidadas, e bem pintadas. Ela começou segurando a revista, depois eu percebi seus ombros, sua blusa, pescoço e seu rosto. Afastei meu campo de visão e ela passou a existir inteira para mim. Fosse eu mais ingênuo, gritaria: “Achei!”, ou reivindicaria a descoberta dela. Explico: ela me fez sentir como aquele homem que passa horas dentro de um balde de madeira, dias e dias, apenas procurando um pedaço de terra. Terra! Algo que ele via todo dia, ou melhor, nem via, porque não dava importância. E isto, esse desejo de encontrar aquilo que ele sempre teve, até não ter mais, se torna mais que sua meta, sua esperança. Seu destino. Sua vida, porque não? Eu me senti assim, quando eu a vi. Queria ter gritado: “Mulher a vista!”, mas não era só uma mulher. Como aquele homem não queria só uma terra, qualquer terra. Ela era a mulher que eu procurei por todo o oceano da minha vida. Descobri que estava remando atrás dela durante anos. Mas o problema ainda nem começou, porque até agora, só ela existe. Para eu existir, ela terá que me notar. Sem tirar os olhos dela eu revejo com minha mente minhas roupas, tento perceber se meu perfume está bom, tento ler o que está escrito na capa da revista para saber se consigo conversar com ela sobre algo, e após esses minutos de preparação ouço meu nome. Eu sou o próximo a ser atendido no consultório. Finjo que não é comigo e espero desistirem de mim. Eu não quero que ela me perceba aqui. Ninguém quer conhecer seu futuro cônjuge sabendo que ele é um doente. Aguardo um instante e saio. Fico pensando que nas minhas alternativas, e concluo que deveria ter ficado para esperar pelo nome dela. Começo a planejar algo como me jogar na frente do carro dela, para ser atropelado e ela cuidar de mim. E então eu percebo. Eu definitivamente percebo, e começo a existir! Como um completo idiota.

terça-feira, 29 de março de 2011

É bonito ver um incêndio daqui
Ele tinha acabado de gravar essa frase no seu gravador antigo com aquelas fitas cassetes pequenas, que talvez nem fabriquem mais. A cerveja esquentando na mão, o cigarro por acender, e os seus olhos quietos, não vendo a fumaça nem as labaredas. Uma mancha subia no seu campo de visão, indo em direção ao fogo. Uma mulher talvez. Ele pensou em uma mulher indo em direção as chamas, indo para qualquer lugar que não fosse em sua direção. Uma mulher que preferisse o inferno a encontrar com ele novamente.
Uma dor física ao invés de...
Apertou o pause novamente porque sabia que era uma frase ruim. A mancha sumiu, talvez fosse mesmo uma mulher, talvez tivesse entrado mesmo no incêndio, talvez realmente alguém preferisse uma dor física ao invés de...
Talvez qualquer coisa seja melhor do que ficar perto de mim.
Ele disse, gravando uma frase que se não era boa, era o suficiente para um romance.

segunda-feira, 28 de março de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde o que faz falta é aquilo que nunca se teve-


Eu sinto falta daquela voz cantando para mim.
Eu sinto falta daquele sorriso após dizer meu nome.
Sinto falta daqueles seios perfeitos em ondulação suave
algo que nunca vi

Sinto saudades da gente brincando de dar nomes aos cachorros
Sinto saudade da gente não conversando sobre religião e agradecendo
a Deus cada um a sua maneira pelo outro do seu lado.

Sinto falta do Y no meu beijo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O Golpe Militar aconteceu num 1° de Abril. Mas já se esperava algo terrível que mesmo que alguém dissesse, ninguém acreditaria que fosse uma brincadeira de Dia da Mentira

quinta-feira, 24 de março de 2011

- Então você se casou.
- ...
- Eu também. Não perdeu nada, não se preocupe.
- Eu não...
- O quê?
- Eu não preocupo.
- ... E como foi?
- ... Começou com uma flor. Depois vieram vários buquês. Depois de cada dente quebrado, depois das duas pernas quebradas, dois narizes quebrados, esse dedo quebrado duas vezes... depois de cada coisa assim, vinha um buquê.
- E agora?
- Sem flores.
- ...
- E o seu? Durou o quê? Três meses?
- Não... Durou um ano de muito amor, chocolate, pizza no fim da tarde, dois meses de briga pelo controle da TV, de discussão pelas contas... e de repente vieram alguns meses de dores, agonias, mentiras, sorrisos falsos, lágrimas atrás da porta, até que acabou.
- Quem foi embora?
- Ela.
- ...
- Câncer.
- ...
- Melhor assim.
- Sempre é.
- Nem sempre.
- ... Eu sei. Mas as vezes é bom mentir para gente mesmo.
- Sempre é.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu tinha duas dúzias de respostas prontas e fáceis para aquela pergunta, mas não para aquela mulher. Eu tinha uma biografia, um histórico escolar e um curriculum vitae prontos para sacar e acabar qualquer discussão; tinha pronto argumentos respaldados em livros e artigos científicos, tinha de antemão, visando futuros problemas e encargos, estratégias de logísticas e linhas de raciocínios aptas para me livrar de qualquer artimanha, de qualquer truque, e qualquer coisa. Eu era um homem sólido e blindado para quaisquer adversidades, sejam cognitivas, sócio-afetivas, ou motoras. Não havia alguém no mundo que pudesse algum dia me deixar sem palavras, ou sem ação, ou sem saber o que pensar. A não ser aquela mulher, e aquela pergunta.
Não sei quantas vezes pisquei os olhos ou suguei o ar pela boca seca. Mas sei que eu só conseguiria responder a verdade.
E eu disse sim.

terça-feira, 22 de março de 2011

Estava claro que aquele homem vinha para me trazer má sorte. Todos os sinais estavam evidentes. O cigarro, as botas, os fiapos da calça. O tom azulado no rosto, vindo da noite, vindo da barba. Rala, rala; que arranharia com delicadeza. O meu desejo descrito, meu futuro encarnado. Um bom pedaço de um mau caminho. Danei com o mau passo e abri o sorriso. Já sabia e tudo antes de acontecer. Já sabia do meu prazer imenso e da minha dor, e da solidão que viria em menos de oitos horas. Só gostaria que ele ficasse quieto ao invés de contar mentiras. Mas já sabia que não seria assim. Já sabia de algum objeto furtado, já sabia o que fazer para jantar, e a quantidade exata para não sobra nada para amanhã. Odeio comer sozinho. Já sabia que ele era sagitário. Eu só gostaria que sua lua pousasse sobre a minha, pelo menos por hoje.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Algumas pessoas não sabem o peso que o Japão tem na minha vida e formação. Desde os samurais da minha infância; O Jáspion e os Changeman das minhas tardes; o zen, o Teatro Noh na minha adolescência, até eu conseguir envelhecer um pouco para poder para poder entender melhor Suzumiya Haruhi e Murakami... Na verdade eu poderia escrever por horas as influências que tive/tenho. Zeami ainda é o maior nome do teatro. Junto com Kazuo Ohno.







Um francês está organizando uma coletânea de desenhos inspirados na tragédia. Me parece que as vendas serão revertidas para ajudar a população.

Pretendo divulgar alguns dos desenhos.

O original está aqui:


segunda-feira, 14 de março de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde eu fui feliz-


Eu me lembro dela sentada na cama, sobre um lençol
perto da parede
costurando uma saia longa e rodada
com seus seios lindos
refletindo gostoso a luz do sol.
Eu me lembro de ter descoberto
que branco era a cor do amor.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Uma vez eu estava bem bonitinha, com uma roupinha ajeitadinha, justinha, mas não estava (fala de forma afetada, demonstrando ironia) “fantasiada de mulher” como diziam lá onde morava. Eu estava bonita, me sentia bonita, e estava completamente apaixonada. O menino, mais velho, 20 anos, eu com 16, todo charmoso, me dando bola, sorrindo... eu, bobinha, ingênua acreditando que o amor existia, e que estava ali, ao alcance da mão, aceitei sair com ele. A gente se encontrou num lugar estranho, ele pegou na mão – gente, ele pegou na minha mão e não teve nojo – eu só fiquei mais apaixonada, me levou para um cantinho, eu que nunca tinha nem beijado, estava tremendo. Me segurou na parede, segurou meu rosto – com um pouco mais de força do que precisava, mas tudo bem – (Imita a voz do rapaz) “E então sua bichinha?” – eu não sei o que veio primeiro se o espanto ou o medo – “vai me chupar ou não?” – Eu sei voz, sentido o sangue fugindo do rosto, do peito, um frio no peito – e um tapa. Bem mais forte dos que o da minha infância. Eu caí no chão. Eu gaguejava, eu não sabia o que fazer, o que falar – “e então, bichinha? Vai dar uma de mulherzinha agora” – me levantou e outro tapa. Talvez eu até pudesse enfrentá-lo, nunca fui forte, mas não queria ser tão inútil. Eu falei, não sei porque, não sei como, que não era bicha. “então é um traveco. E traveco toma no cu”. Me jogou no chão , me deu um soco na boca e me invadiu. Tive dois dentes quebrados, deslocamento da cartilagem do nariz, ferimentos e hemorragia generalizada no ânus.

Eu fui estuprada. 205 mulheres são estupradas por dia, entre casadas, idosas e jovens, virgens ou não. Se somar ao numero de gays, lésbicas, travestis e transexuais o numero aumenta para quase 700. Por dia! Eu só fui mais uma."

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde não importa onde, nem o quê, mas com quem-


E simples assim
a verdade bateu em mim
Numa frase jogada num vento certo
fácil de definir e de racionalizar
sem medo
sem vergonha
sem paixão.
Concordamos no olhar
E tranqüilos
atravessamos a porta indo de encontro ao sol
que não ligava a mínima para a gente.
Tudo bem.
Era recíproco.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Semana Cheia

Curso com o Gabriel Villela - El Hombre!
Volta do Grupo de Estudos do Japão Contemporâneo.
Encontro, imersão e ensaio no Rio de Janeiro.


Volto só semana que vem.

Cuidem-se

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sou como aquela canção dos Beatles que foi gravada junto com uma que foi bem famosa, mas do outro lado do vinil, e ninguém lembra. Como aquele contorno do homem morto desenhado a giz, que a chuva leva.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

As pessoas e as coisas não valem nada. A gente que agrega valores para as coisas. E para as pessoas. É tudo uma... Como vou te explicar? Imagina um diamante. No meio de uma tribo de macacos, ele não vale nada, certo? No meio de uma montanha de diamantes, vale pouco. E na sua mão? Vai valer o tanto que sua relação com o mundo, e a relação do mundo com o diamante, e a relação do diamante com você – ele pode não ser seu, certo? Eu só disse que ele estava na sua mão – definirem. Não sei o preço exato de um diamante, mas sei que se ele estivesse comigo e fosse meu, iria valer mais para mim, do que ele estivesse com você e fosse seu. Porque eu e você não temos relação que envolva diamantes. Deu para entender? Ok... Imagina um livro. Um livro bom. E que você ganhou de presente. Ele possui quatro valores: O valor material, ou seja a utilidade que ele pode ter, não envolvendo o que ele é. Ele pode servir para apoiar uma mesa, para fazer uma fogueira, ou até para reciclar. Serve para tudo isso, mas não precisa ser um livro propriamente dito. Ele também possui o valor financeiro, afinal você sempre poderá vendê-lo. Existe o valor intelectual, afinal você sempre poderá consultá-lo. E existe o valor sentimental, porque ele irá te remeter sempre a uma pessoa, ou a um momento especial em sua vida. Concorda até aí? Ok.
Agora olha só essa foto. Valor material nenhum. É só um pedaço de papel colorido. Valor financeiro: zero. Ninguém compra uma foto com um casal de namorados. Valor intelectual...bem, a prova de que um dia amei, muito, de verdade... não acredito que vá deixar ninguém mais inteligente. E o valor sentimental... digamos que todo este sentimento que tinha aqui, registrado e representado... digamos que... que eu consumi ele todo. Já usei, gastei todo o amor que esta foto tinha, agora é só um pedaço de papel. Por isso vai pro lixo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os esqueletos de Murakami

Eu olhava atentamente para eles. E estavam corretos. Eram seis. Um deles não tinha o braço direito. Como ele cortava o pão? Porque não existem poetas manetas? Existem bateristas. Porque eu estava ali?
O osso não é branco. É de um tom encardido. Nem é algo liso. Tem fissuras, protuberâncias,... Fissuras e Protuberâncias. Palavras estranhas para uma quarta-feira de manhã.
Ainda é quarta-feira? Ainda é de manhã?
Nãos os toco, nem reverencio, nem sinto medo. Apenas os olho. As vezes esqueço de respirar, mas logo me lembro e dou umas arfadas para logo esquecer de novo. E assim repito durante todo o tempo que me prendo ali.
Não sei o que vai acontecer, mas nunca se sabe, não é?
Para quem eu fico perguntando essas coisas? Para mim mesmo? Não seria estupidez fazer perguntas para alguém que você sabe que não tem as respostas?
Quem cala consente.
Me calo e me lembro de respirar. Queria esquecer de olhar, as vezes. Já me esqueci de escutar, mas não sei se é isso que está acontecendo agora, ou simplesmente não há nada para ouvir.
Acho que deveria me levantar e atravessar a parede. Deve ser a única maneira de sair daqui.
Ou talvez acordar, se esta for uma opção. Opção é bom, mas atrapalha. E não se pode esquecer do destino. Com maiúscula se for em português. Destino.
Mas Destino é coisa para covarde, você tem que concordar comigo.
Mas para quem estou falando isso?
Pronto. Comecei a perguntar de novo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

rascunho

Uma sedução que não convence, você e esses olhos, e essa boca e esses dentes.
Um perfume que não atrai, patchouli, cândida, e essas pedrinhas fedidas que nunca descobri para quê que servem.
Um resquício, uma sujeira, seu cabelo na pia, no lençol, no carpete e no carpaccio.
Carne crua que não seduz, o atum em cima do arroz, e você em cima de mim.
Uma história que não tem graça, eu.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Andava de meias nos últimos dias, rodando sem parar pelo apartamento vazio. Pisou no relóginho de plástico e a cara do palhaço marcava a mesma hora de sempre: tarde demais. Quase pensou em guardar em algum lugar, mas deixou cair, se esquecendo dele novamente. Se esquecia de todos os vestígios espalhados pelo chão. E evitava lembrar dos pratos na pia. Foi ao banheiro, e o espelho já não estava lá, era bom não se olhar. Assim não lembrava de si. Havia um patinho de borracha que o encarava, não parando de sorrir apesar da secura de 5 dias. Havia pelo corredor restos de balões, que agora fazia um mosaico emborrachado de um colorido coberto de pó; com um pouco de paciência e ar, poderia se ler as parabenizações que nunca houveram. Se arrastou até o último quarto e lá sentou novamente, como veio fazendo ao longo dos suspiros que sobraram das lágrimas. Os ursos deveriam confortar e oferecer um carinho em forma de abraço, mas só havia escárnio naqueles olhares acusadores, eram inúteis agora, sabiam disso, e riam, e pareciam dizer que tudo o mais era inútil, já que não haveria mais riso, nem carinho para distribuir em forma de abraços, nem nada. Reparou na arma de brinquedo e não se pode dizer que pensou em algo. Colocou na têmpora de forma decidida e apertou o gatilho. Uma groselha escura sujou toda a parede.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde nem sempre combina-


A janela fechada
Impedia as baratas
e o vento.
Meu corpo cansado
dormia grudado
em si mesmo
O corpo dela
parecia desmanchar
de maneira apetitosa.
Mas aquele salgado de sua pele
me repelia já em pensamento.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ofélia


Tem uma música de capoeira que diz assim:

"Hoje tem, amanhã não
Mas hoje tem, amanhã não..."

Não preciso dizer mais nada.

:O)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ofélia - Reportagem.


A Ofélia de Shakespeare, de modo bem genérico, correu, conversou com as pessoas, dançou entre as flores e sucumbiu desiludida de amor. Hoje, um pouco diferente, ela sobe ao palco do Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo, na peça homônima ao seu nome, protagonizada pela carioca Ana Cecília Reis e dirigida pelo são-bernardense Ronaldo Ventura. A montagem será exibida hoje e dia 28.

Junkie, a Ofélia atual coloca a carapuça do sistema para lidar com o abandono do noivo Hamlet e a morte dos pais.

"No espetáculo, dinheiro, arrogância, drogas e sexo são a couraça que ela usa para se proteger. Ofélia ainda é a menina frágil que espera proteção. Mas, vivendo em uma redoma de aparências, deixa passar a vida sem participar efetivamente", conta Ventura, que pega como inspiração para esta versão o modo de vida contemporâneo.

"Reduzimos o nível de relação humana, as pessoas estão doentes, querendo ser ouvidas, carentes, mas escondem a fragilidade sob as roupas de grife", completa o diretor.

Elementos como água e fogo colaboram na condução que a intérprete Ana Cecília dá a seu personagem. Simbolismos que, por meio das ideias de Jung, buscam comunicação de fácil assimilação por conta da universalidade dos significados, mas sendo empregados de maneira individualizada de acordo com a situação.

"São elementos de diversas visões. O fogo, ao mesmo tempo que indica afago, queima. É útil, mas perigoso. A água traz a questão do ciclo, do eterno retorno. Por mais que ela tente se recuperar dos baques, tudo acaba em morte, abandono. Sua necessidade é aprender a lidar com isso", declara Ana Cecília.

"A Ofélia contemporânea mostra primeiro o lado que ela quer mostrar aos outros, o superficial. À medida que a peça ocorre, ela resgata sua verdadeira essência e intensidade", finaliza a atriz.





Matéria de Thiago Mariano para o Diário do Grande ABC.
Foto de Rodrigo Domit

Link:
http://www.dgabc.com.br/News/5852335/ofelia-de-butique.aspx

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

- Você quer que eu vá embora?
- Você quer ficar aqui?
- Quero. Mas...
- Eu não quero.
- Quê ?
- Eu ao quero que vá embora. Mas você não quer ficar aqui. Porque estou perdendo meu tempo, segurando essa porta?
- Eu quero ficar.
- Mas?
- Mas só se for a noite toda.
- A noite toda? Tem certeza?
- Sim.
- Você sabe fazer uma mulher chinesa feliz. Entre.
- Você não é chinesa.
- Também não sou mulher. E isso nunca te impediu de me fazer feliz.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

PAULICÉIA CITY

-onde lábios finos se movem em melodia-


Percebi que não tenho palavras para descrever sua boca
nem seu beijo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

É hoje!


Primeira peça que dirigi no Rio.
Primeira peça que estreei em 2010.
Primeira peça do ano em São Bernardo do Campo.


Se eu fosse você, eu iria!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Queria era que você abrisse os olhos e lesse meus lábios falar sem aspas nenhuma, que teu corpo é meu verbo de ligação, que meu amor é um objeto direto. Sem interrogação. Sem reticências. Sem preposição te mostrar que meu olhar é minha afirmação e meu beijo um ponto final.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Quando Maiakovski colocou um ponto final em tudo, talvez tenha criado a primeira perfomance, o primeiro body-art. O seu corpo, exposto, afligido por uma bala de revolver – todos os três, russos, foi a Pedra Mater dessa situação humana que acostumamos chamar de Século XX.

"Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PAULICÉIA CITY

-um lugar afastado. mas não o suficiente-


Desci do avião e o calor me empurrou.
Eu andava e ele me impedia.
Me batia
Me jogava.
Me fazia lembrar que estava na cidade errada.
E você também.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Ela é mais alta que eu, e parece mais forte. Mas dizem que está na mesma categoria que eu, então não me importo. Não sei o que justifica os gritos. Talvez seus peitos. Ah sim, ela tem peitos. Devem ter ar dentro, senão não tem como ela ter o mesmo que eu. Nem eu engulo essa. Isso me lembra de lamber os dentes, o céu da boca e engolir essa saliva toda. Me mantém desperta. E isso me mantém viva. Mais gritos. A platéia está vibrando. Isso porque não aconteceu nada ainda, só ela fazendo showzinho, andando em volta do ringue. Mostrando cochas e decotes. Eu não sei quanto que ela ganha para estar aqui. Eu só sei o que eu perco se perder. Eu perco se perder. Minha vida e sua constante repetição de derrotas. Saliva. Eu não posso atacar primeiro, daria vantagem para ela, tenho que esperar ela flexionar os joelhos para me acertar um soco na cara, assim ficamos na mesma altura. Talvez ela seja mais forte, mas acho que ela agüenta menos. Ops. Ela chuta. Sempre esqueço que vadia gosta de chutar. Me lembro que sempre esqueço. Minha vida e sua eterna contradição. Caralho, eu sou bonita, inteligente, não devia estar batendo em mulher para ganhar a vida. Podia ser puta, mas eu ia acabar machucando alguém. Alguém eu só machuco quem está pronto para isso. Ou pelo menos ganhando para isso. Tem gente que ganha para perder. Ganhar para perder. Ando pensando muito e apanhando idem. Vai. Dois diretos na fuça. Ela não sangra? Que vadia. Nem se altera. Parei de ouvir os gritos. Parei de pensar. Aplico aquele golpe de sumo que se consiste em apenas diversos tapas na região do plexo. Não dói. Só faz barulho. E irrita. Irrita muito. Ela é do tipo que não se irita fácil, isso é bom, porque quando acontece, não sabe o que fazer. E então comete o velho erro de tentar me segurar pelas tiras de couro do meu calção. Mas não são tiras de couro, é algo costurado sobre uma malha que escorrego, ela fica desorientada um segundo ou dois, ou menos, não importa, um piscar imóvel. Mas eu não pisco. Miro no baço e na nuca. Cotovelos não quebram, nem doem. Ela sente as pancadas e percebe que está quase perdendo. A platéia ainda não. Ela é boa em fingir. Eu sou boa em prestar atenção. Ela dá aquele meio pulinho que já tinha percebido nas vezes que chutava. Enquanto ela levanta a perna eu passo por baixo e quebro seu joelho com uma porrada só. Simples, não fácil. A platéia grita reclamando de algo. Ouço os xingos e palavrões. Com certeza ninguém apostou em mim. Estou acostumada com isso. Saio do ringue rápido porque não sou trouxa, vou para o vestiário esperar o telefonema que me prometeram. Quero ir embora daqui. De novo."

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"O que te dizer sem parecer brega? Ou bobo? Ou imbecil? E se eu der a impressão de ser apenas um canalha? Um safado? Um pobre tarado? E se eu sorrir na hora errada e você achar que sou mentiroso? E se eu não sorrir e parecer frio? Distante? E se eu usar as palavras erradas? E se você conhecer a palavra mentecapto? E se eu chorar e você não entender nada? Ou entender tudo errado? E se eu te contar a verdade? Como é que você vai acreditar? E se eu colocar a culpa em outro, como é que vou me sentir? E se eu te convencer que a culpa é sua? Mas para quê eu faria isso? E se depois de tudo, mesmo que dê certo, você acredite em mim, e ficarmos juntos, você ficaria feliz? Será? "

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

- E o que é isso?
- Me parece uma camisa.
- Se parece uma camisa, é porque é uma camisa.
- Eu sei é que...
- Não existe nada que pareça uma camisa e que não seja uma camisa.
- Entendi. Foi que...
- Só se for outra camisa.
- Como assim?
- Só outra camisa se parece com uma camisa, que não é a própria camisa.
- Mas do que é que você está falando?
- Da sua incapacidade de perceber o obvio. É feminina ou masculina?
- Como vou saber?
- O óbvio, o óbvio. Comece pelo óbvio. Porque você está cheirando ela?
- Para ver se tem perfume.
- E se tiver, seria feminina?
- Ou masculina.
- E no que isso ajudaria? E se for masculina de alguém que gosta de perfume feminino? Ou ao contrário? E se tiver cheiro de suor? Como você vai reconhecer?
- Se tivesse cheiro de canela, por exemplo, saberia que é alguém que trabalha com comida.
- Ou só com doces. Ou com café. Ou numa plantação de canela. Ou alguém que encostou numa árvore de canela para descansar depois de correr no parque.
- Mas isso não é óbvio.
- Nada disso é óbvio. Por isso não cheiramos uma camisa para ver se ela é masculina ou feminina.
- Então o que eu faço?
- Os botões.
- Hum. Normais. Óbvio, mas não sei como...
- Não! Os botões estão de que lado?
- Na esquerda.
- Então é feminina. Agora vamos procurar o...
- Espera. Como assim? Tá na esquerda é feminina? E se fosse masculina?
- Estariam do lado direito. Vamos.
- Mas você não está explicando nada!
- Óbvio.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

PAULICÈIA CITY

-onde te decifram e te devoram-


Eu ainda era apaixonado por ela
Sabia que havia passado por cirurgias
Vivido com pessoas que eu preferia que não existissem
Conhecido coisas que é necessário ser por demais hipócrita
para chamar de “experiências de vida”
E eu ainda era apaixonado por ela.
Depois de ter evitado anos de contato
De ter fingido não saber de aventuras,
de conquistas, de atrapalhadas
Eu ainda era apaixonado por ela.
Então surgiu um e-mail
Um convite
Uma proposta para conversas inócuas ao fim-de-tarde
Eu
ainda era apaixonado por ela.
Sabendo que isso era um possível recomeço
Percebendo que poderia falar de tudo que ainda não disse
Acreditando que haveria algo mais que um bate-papo besta
Sonhando com a possibilidade de risos, lágrimas, beijos e suores
E
ainda sendo apaixonado por ela.
Eu disse não.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A pior marca de todos os tempos

Assistindo tudo que assisti, lendo tudo que li... pode-se perceber que saí pouco de casa. Não vi nenhum espetáculo de dança, nenhum de circo, não fui a nenhuma exposição... chato isso. De passeios eu fui numa convenção de tatuagens e na Bienal do Livro, somente. Para se te ruma idéia de como fiquei trancado em casa, assisti apenas 16 peças de teatro – a pior marca desde 1992. E destas eu não consigo selecionar cindo. Triste isso. Não vou selecionar as melhores entre as piores que não vale a pena... É ruim, é chata, não gostei.. não entra e pronto. Curiosamente eu gastei apenas R$ 10, 00 em teatro, foi o ingresso de uma peça boa. Acho que a melhor do ano. Vamos a lista:

TEATRO


Resto de cerveja em copo transparente
A porta
Postcards de Atacama

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

LIVROS

Foram 61 livros lidos em 2010. melhor que 2009. Mas longe ainda da marca de 171 livros que fazia por ano, quando lia três livros a cada dois dias, em média. Conheci autores novo, me enfiei na vida (e obra) de Saint-Exupery para escrever duas peças, estudei muito o Japão, me embrenhei na literatura lésbica clássica e moderna... Teve livros técnicos, romances, contos, biografias... enfim, o de sempre:

Hamlet e o filho do padeiro
Kafka a Beira-mar
Trilogia Millenium
Os Japoneses
Na ponta dos dedos.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ANIMÊS & FILMES

Eu assisti 37 títulos de ANIMÊS. Alguns tinham 11 episódios, alguns 24, outros tinham 3, 4... Vi títulos antigos, outros apenas velhos, vi desde Kodomo, passando por Shoujo, Yuri, Shonen, Ecci... Bem, o que me fez escolher esses cinco abaixo, foi o simples fato de me lembrar deles ao longo do ano, seja a trilha sonora, algumas piadas, textos inteiros, não importa: ficou na mente, vem pra lista:

Cowboy Bebop
BECK
Mishiko to Hatchin
Hell Girl
Azumanga Daioh


Agora... FILMES foi...bem, assisti 136 filmes em 2010, gastei ao todo R$ 236,00 entre cinema e locação, o resto foi baixado mesmo... Como sempre, é a lista mais difícil de se concluir, porque tem filmesq eu euacho importantes, outros o tema me pega mais que o resultado concreto, tem fotografias que valem mais que um elenco, tem diretores e roteiristas que precisavam ser divulgados... E sem me prender nas minhas obviedades, mas curiosamente, toda vez que assisto um filme romeno, ele aparece na lista, não me esforço para colocar nenhum nacional, ele vem por mérito. Assim como filmes japoneses. Assim como animações... Em uns a técnica me bate, outros a história me leva, e por aí vai... Apesar disso tudo, seguindo meus confusos critérios, aqui vai:


De Loveli
Os famosos e os duendes da morte
Tada Kimi wo aishiteru
Summer Wars
Vespa

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

TOP 5 - 2010 - II

Curiosamente, ano passado assisti 06 séries apenas (não estou contando o número de temporadas... Cold Case, eu vi seis temporadas seguidas, como este ano eu vi oito temporadas do Scrubs, por exemplo). Este ano 38! Contando os DORAMAS que comecei a ver esse ano, a idéia era contabilizar os dois juntos e fazer uma seleção entre os dois. Mas apesar de semelhanças, são coisas distintas – talvez nem tão distintas, mas vá lá. Então decidi contabilizar em separado. Seguem duas listas abaixo do que gostei mais em 2010.


SÉRIES:

Skins
Dexter
Supernatural
Californication
Scrubs



DORAMAS:

Kurosagi
Gokusen
Orange Days
Akai Ito
Kimi wa Petto

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ok, ok... enquanto o ano não começa, vamos lá para a lista do ano passado, hoje é

HQ!


É o mais difícil de escrever sobre, não só porque é uma arte complexa, mas também porque é um mercado complexo – pelo menos para fazer um Top 5 decente, para explicar é fácil. Este ano, além do Mangá que se manteve forte, muitas Novels estadunidenses apareceram e foram bacanas. Curiosamente, tirando dois títulos de uma lista de 12, todos eram de certa forma autobiográficos, o mercado estava mesmo propício a esse tipo de obra. Na minha lista tem 26 nomes, entre Novels, Quadrinhos mensais, Mangás Concluídos e ainda sendo publicados, obras italianas, argentinas e brasileiras. Sem muito critério, porque para mim é difícil mesmo, vai a lista:


NANA
Eensy Weensy Monster
Fun Home
Fábulas
MAUS