"Ele olhava para ela e insistia em
não ver. Fazia perguntas e ela não devaneava, respondia direto, e ele
suspirava, sem ter ouvido nada. Estava de preto e não verde, amarelo, ou azul
turquesa. Era Jeans e couro e não tule, pétala ou asa de borboleta. Era uma
mulher pô, e não uma lenda. Uma mulher com fome, desejos, tristezas e segredos
e mulher. Mas ele não percebia, ria de algumas coisas, ficava em silêncio em
momentos aleatórios, mas seus olhos brilhavam. Isso devia funcionar com a
maioria das mulheres em que ele projetava suas ilusões. Não com ela. Sua última
frase antes de ser esquecido, ou devorado – nunca saberemos, foi: “você é uma
fada, sabia?”. “Eu sou uma bruxa!”, ela respondeu."
terça-feira, 30 de abril de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
PAULICÉIA CITY
-onde há palavras pelo caminho para tropeçar-
Pouco mais de 20 degraus e lá estava
Envolta em jeans apertado
perfume importado
e uma lingerie sarcástica.
Não deixava fazer nada
Mas fazia tudo que queria
e queria muito.
Segurava, impedia,impelia, gemia
me acabava.
Tudo o que disse no meu ouvido
Cumpriu.
Foi embora rindo e não prometendo nada.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
"Ela sentia um gosto verde nos
dentes, e mantinha uma saudade roxa na boca. Gastava orvalho no olhar, e
aninhava o coração envolto numa almofada quente e fofa de veias, artérias,
pulmões, fotos preto & branco, cuia, mate quente e chapéu de couro. No céu
havia duas estrelas. Haviam mais, mas só duas importavam naquele momento. Numa
delas, amarrou um barquinho de papel – que era meu. No outro, amarrou um
segredo – que era dela. Se manteve quieta e esperando para ver se o vento ia
arrastar quem na direção de qual. Não muito longe, surgiam os barulhos do limite
da noite e do dia. A onça, o rio, o sapo, e as flores que se fechavam. Um traço
diferente de diferentes tons apareceu nos lábios. Não tinha muito tempo. E ela
não gostava de esperar."
quinta-feira, 25 de abril de 2013
"Ela precisou usar o antebraço
para desembaçar o espelho e poder se ver melhor. Não gostava de usar as mãos
para nada depois de tomar banho. Se sentia limpa e queria ficar assim. O
espelho estava fosco, com um traço de visibilidade no meio. E no meio dele,
ela. O banheiro estava ainda cheio de vapores, Seu cabelo ainda estava molhado,
sua toalha ainda se mantinha segura, e seus olhos procuravam algo de bom para
enxergar. Se via. Isso devia bastar. Mas hoje não. Soltou a toalha Se fosse um
filme, teria caído bem devagar sobre seus pés. Mas não era. Apoiou as mãos na
pia e chegou mais perto de si mesma, agora um pouco mais translúcida, riscou o
espelho com o dedo e só havia seus olhos. Se fosse uma música, seria o momento
ideal para uma lágrima. Não era. Piscou. Passou a língua sem perceber sobre os
dentes, e se fosse um homem, cuspia. Soltou um som que qualquer um pensaria ser
o som de uma resolução. Se fosse a vida dela tudo aquilo, sairia nua do
banheiro, com passos firmes e mandaria todo mundo a merda. E era."
quarta-feira, 24 de abril de 2013
"Ela abriu a janela e o calor
entrou. Era um pouco mais do que o necessário, mas não se importou. Estava
ocupada com outras coisas. Havia mudado suas prioridades e não havia tempo para
gastar com qualquer coisas que não fosse sua nova decisão. Tinha definido
assim, de bate-pronto, daquele jeito sem pensar, mas muito sentir. Ela abriu a
janela, o calor entrou, e muita luz veio junto. Se houvesse poesia diria que
parecia um nascimento. Ela era uma nova mulher, com uma nova decisão, e com
novas atitudes. Ela decidiu que ia ser feliz"
terça-feira, 23 de abril de 2013
rascunhos para Estudo em Sépia
"Eram 14:37, e era meu último
cigarro. A padaria não era longe, mas não tinha mais dinheiro. Tinha no
dinheiro no banco, mas no caixa eletrônico não se sacava menos de 5 paus. Eu
falei isso para ela, e ela me corrigiu séria: “É 05 pau, não existe plural em gíria.”,
atônita, fiquei sem me mexer por segundos, até ela rir: “Boba, é brincadeira.”
Como ela fazia isso comigo? Ela me deixava estática, sem reação, e parecia
fácil para ela. Eram 14:37. Sei disso porque ela ia embora mais cedo, e eu
ficava preocupada com o horário. Ansiosa, peguei o último cigarro e coloquei na
boca e procurei os fósforos. Ela não gostava que eu fumava perto dela. Gostava
de longe, achava bonito, me disse uma vez. Mas de perto não. Fedia, e ela tinha
que beijar um cinzeiro. Falava sempre. Estava procurando os fósforos. Ela me
disse uma vez que eu tinha problemas freudianos. “Um pau na mão pegando fogo,
um cilindro na boca dando prazer... sei não, acho que sou só uma manifestação
de um distúrbio.” Na época eu não sabia que ela brincava sobe tudo, e fiquei
incomodada. E atônita. Por alguns bons segundos. Ela me roubou horas da minha
vida, de tanto que me fez ficar chocada. Achei os fósforos, e antes de riscar,
ela me disse: “conhece o cigarro James Bond?”. Disse que não, e ela sabia que qualquer
menção a qualquer filme que envolvesse mulher bonita e espionagem teria toda a
minha atenção. “É assim, ó”, pegou o cigarro da minha boca, olhou para mim, e
mais rápido do que eu pudesse perceber, quebrou o cigarro no meio, rasgou ele
com um puxão, colocou uma parte na orelha e outra fez como um microfone, e
disse: “Alô?”. E riu. Riu gostoso e alto. Eram 14:37. Era meu último cigarro.
Ela ria de si mesma. E me deixou ali. Quieta. Sem reação. Imóvel. Por alguns
malditos segundos."
segunda-feira, 22 de abril de 2013
PAULICÉIA CITY
-onde os lábios racham e a vida despedaça-
O frio cortava o viesse pela frente
Atravessava a lã, o algodão e a pele.
Fazia tremer os dentes e todos os demais ossos.
Castigava a córnea, ardia a irís, incomodava as pálpebras.
Mas não conseguia impedir nenhuma das lágrimas
que me desciam queimando pelo rosto.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Estive em Paris e me lembrei de mim mesmo.
De volta!
De novo!
Depois de uma febre louca, e de uma viagem inesperada, voltei a cá!
Sobre Paris:
O metrô é uma bagunça, é funcional, é útil, é velho, e fede!
Andei como um condenado e fui bem feliz assim!
Fui em todos os lugares que fizeram parte dos meus sonhos de infância.
Chorei que nem criança diante do Rodin, e de Camille.
Na verdade, tenho muito para falar, mas não tenho graça.
Vou tentar reproduzir em contos, assim é melhor para todo mundo.
Claro que "todo mundo" significa vocês dois que aparecem por aqui.
Obrigado pelo paciência.
De novo!
Depois de uma febre louca, e de uma viagem inesperada, voltei a cá!
Sobre Paris:
O metrô é uma bagunça, é funcional, é útil, é velho, e fede!
Andei como um condenado e fui bem feliz assim!
Fui em todos os lugares que fizeram parte dos meus sonhos de infância.
Chorei que nem criança diante do Rodin, e de Camille.
Na verdade, tenho muito para falar, mas não tenho graça.
Vou tentar reproduzir em contos, assim é melhor para todo mundo.
Claro que "todo mundo" significa vocês dois que aparecem por aqui.
Obrigado pelo paciência.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
terça-feira, 2 de abril de 2013
Informe
Depois de 08 dias de febre de 39°...
Estou melhor!
Apenas dor de cabeça e tontura leve, as vezes.
Ah e uma dor no ombro inexplicável.
Semana que vem, não estou aqui. (Em casa? em São Paulo? no Brasil?)
Então só volto a escrever depois do dia 17 - mais provável dia 22...
Depois que eu voltar. (do banheiro? do SPA? de 1974?)
Só para constar:
Quero fazer um cartão com todos os meus títulos acadêmicos:
Yoda em Teatro
Jedai em Literatura
Brad Pitt em Cultura Japonesa.
Estou melhor!
Apenas dor de cabeça e tontura leve, as vezes.
Ah e uma dor no ombro inexplicável.
Semana que vem, não estou aqui. (Em casa? em São Paulo? no Brasil?)
Então só volto a escrever depois do dia 17 - mais provável dia 22...
Depois que eu voltar. (do banheiro? do SPA? de 1974?)
Só para constar:
Quero fazer um cartão com todos os meus títulos acadêmicos:
Yoda em Teatro
Jedai em Literatura
Brad Pitt em Cultura Japonesa.
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