sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Fala que você está bem e que está sorrindo. Estou precisando de uma boa notícia hoje."

quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Eu não admito que me chamem de viado. Ou de gay. Ou bicha. Ou qualquer coisa assim. Eu não admito. Eu sei que fazem isso. O tempo todo. Alguns do meu trabalho nem sabem o meu nome. Só me conhecem assim. O viado. Ou a bichinha. Ou qualquer coisa assim. Eu sei. Alguns até parecem fazer isso sem o toque de maldade ou ódio que conheço bem. Esses me chamam de gay. Mas eu não admito. Eu minto para mim mesmo que não é comigo. Quando me perguntam se está tudo bem, eu sempre respondo que sim. Eu nunca vou admitir."

terça-feira, 26 de julho de 2011

"Abro o chuveiro e molho toda minha roupa. E choro. Como sempre faço.
Fecho os olhos e tiro a blusa molhada e coloco outra por cima do meu top. Esse eu não tiro, só depois. Só depois que começa a doer e marcar muito. Ainda agüento mais um dia. Eu passo um lenço umedecido infantil nas axilas, passando a mão pela manga. Depois coloco desodorante. Spray. Depois abro os olhos.
Fecho os olhos e tiro a cueca junto com a calça. Coloco outra que já tinha separado. Abro os olhos. E me arrependo. Como sempre faço.
Pego uma meia e não coloco dentro da cueca para fazer volume como já fiz algumas vezes. Só escolho uma calça mais larga que comumente usam e tudo bem.
Coloco um tênis porque é unisex.
Queria ser unisex. Minto. Como sempre finjo não notar.
Coloco um sorriso que combina com o dia e saio do banheiro, com tudo preparado para dizer bom dia aos meus pais. Com sorte, isso não acontece hoje. Saio mais cedo que o normal e pego a bike. Vou para pista de skate. Onde uma mina que é sapa briga comigo e não entende, e onde um cara conversa comigo e não se incomoda. Gosto de conversar com os caras que não me incomodam.
Uma frase mal dita. Uma situação maldita. E pego a bike e volto chorando. E prometo nunca mais chorar. Como sempre faço."

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Ele diz que me ama. Mas não agora. Agora ele não diz nada. Agora ele só aperta meu braço e me empurra. Me empurra em direção a parede e minha cabeça derruba um ou dois quadros. Agora eu tenho um pequeno corte que não percebo imediatamente, só depois, só depois de perceber a umidade do sangue. Mas isso é depois. Depois de olhar seus olhos e não reconhecer mais com eu estava falando. Depois dele ficar em silêncio e me empurrar. Mas isso foi antes. Isso foi antes dele me jogar no chão. E gritar. E gritar algo que não escuto porque seus tapas e meus gritos não deixam. Antes de ele pegar minha cabeça e bater no chão e perceber que o sangue na mão dele e em sua camisa são meus. Antes ainda de eu fechar os olhos e ouvir um zunido que vai baixando aos poucos ate sumir. Agora sim. É agora. É agora que ele diz que me ama."

terça-feira, 19 de julho de 2011

Semana que vem vou ao Rio.

Ensaio das três peças!

Bora?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Hoje tem!


Pessoas queridas me pediram convite!

Seja mais uma!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Um cheiro de caramelo invade meu nariz enquanto envolvo a pele branca do teu seio com meus lábios. Unhas pequenas tentam arranhar meu braço, mas nada fazem para impedir. Minha pele se estica querendo alcançar a sua. No umbigo, marcas de saudade. Nos teus pêlos, marcas de desejo. Teu sorriso sarcástico some no mesmo instante que você arfa de gozo."

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Quando cheguei aqui no Japão, foi horrível! É muito duro ser brasileiro aqui, não sou descendente, tenho cara de latino, ou seja, um suspeito em potencial, a minha profissão no Brasil, isto é, o que eu tentei fazer no Brasil, foi ser desenhista, não eu não vim aqui tentar o mesmo, não sou idiota, e nem gosto de manga! Acho horríveis aqueles olhos enormes! Vim, sei lá, tentar qualquer coisa, ou ser mendigo mesmo. Aqui eles jogam televisões novas no lixo! Eu vi! Então eu vi o anuncio num jornal em inglês/japonês, típico para turista, pedia homem, com mãos delicadas e firmes, unhas feitas e muito limpas. Não entendi nada, pensei até que fosse para comercial de algum creme, onde só aparecessem as mãos, talvez umas fotos. O que mais estranhei, foi o que o anuncio era realmente para turistas, para gaijins, para não-jaoneses, isso estava claro pelo jornal onde estava publicado o anuncio. Mas eu fui! Levei uns desenhos que fiz naquela mesma tarde, fiz as unhas eu mesmo, e me encaminhei para o endereço, muita gente na fila, tinha até alguns nisseis brasileiros, o que era estranho, tinha italianos, espanhóis, e eu. O homem que fazia a seleção me olhou, olhou minhas mãos, passou os olhos pelos desenhos, e me pediu para que separasse uns grãos que ele tinha disposto na mesa, havia milho, arroz e outros que desconheço, não entendi mas fiz, e rápido até. Ele percebeu, e me pediu para limpar uma luva de couro que estava toda suja por dentro, era tudo muito estranho, mas tudo bem, fui esperto, emplastei a minha mão num produto que tinham lá, enfiei dentro da luva, mexi, mexi, e a virei do avesso com um puxão, o homem ficou impressionado, a mergulhei cuidadosamente numa bacia preparada, e pronto! Estava limpa! Ele me sorriu e fui contratado! Virei limpador de bunda de lutador de sumô! Eles não conseguem se limpar, porque não alcançam... Cresci na profissão! Hoje tenho uns dos melhores salários do país! E só eu posso limpar as bundas dos campeões!"