quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

brincando com a sonoridade de palavras terminas em A

Canela é mais gostosa cheirada que comida

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

" - Oi. Por que você usa esse óculos?
- Porque eu não tenho um olho. Respondeu sem emoção explícita.
- Por quê?
- Porque eu caí. Respondeu sem vontade de continuar.
- Posso ver?
- Pode. Alguns segundos de silêncio até que tirou os óculos e olhou de frente.
- Posso pôr o dedo?
- Pode. E esperou. E com seu olho percebeu a mão parada no ar.
- Não vai doer?
- Em mim não. E com sua mão esquerda tento abrir espaço entre as pálpebras.
- É mole.
- Nunca me disseram. E esperou ela se cansar.
- Então, tchau.
- Posso ir com você. Não queria perder aquilo que ela trouxe para dentro dele.
- Não. Não pode. Você entende?
- Claro. Não. Não entendia."

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

"Sorrindo e calado. Calado estava. Quieto em si (maior). Seus olhos parados e pouco atentos ajudavam na composição. Sorriso curto, de poucas esperanças. E uma taça nas mãos. Pouca coisa para muita mão. Calado era desses que possuem pouca coisa, mas que as mantêm próximas. Aquela fileira curta de dentes pequenos podia parecer um convite. Quieto, Calado ficou. Mesmo quando viu dois passos semi-retos, e ouviu um convite semi-vulgar. Como era do seu feitio, sem palavras Calado deixou claro que não. O sorriso era só um acidente. Fora do contexto ela era, estava e ficou."

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PAULICÉIA CITY

-Num riff de guitarra, num toque de bateria-


Eu conhecia aquele som.
Ou melhor
eu reconhecia aquele som.
Eu me reconhecia naquele som.
Eu me sentia inteiro e único
Naquele mar de pessoas iguais.
O riso, o suor, e o coração tranqüilo.
Parecia que enfim eu entendia o que era o Rock’n’Roll.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Ela tinha um abraço de pão feito em casa"

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Não custava nada tentar. Peguei o telefone e amaciei a voz do jeito que sempre faço. Perguntei aquelas coisas que se deve perguntar. E depois perguntei o que ela estava vestindo. Já ia responder o que sempre respondo quando perguntam o porquê, quando ela me disse que estava só de sutiã. Fiquei na dúvida se pensava nessa palavra engraçada, e um tanto nova, já que eu aprendi “soutiem” e não “sutiã”, ou se pensava no porquê que ela estaria usando apenas isto. Respondi o que sempre respondo quando preciso ganhar tempo, e ela já me disse que sua barriga não deixava usar nada. Disse que estava grávida, que estava quente, algo assim e que queria comer carne do porco; ou talvez tenha dito que estava suada como uma porca. Eu não conseguia mais pensar em nada. Eu falei qualquer coisa. Algo que nunca faço, falar qualquer coisa. Querendo ganhar tempo enquanto percebia que meu sangue sumia. Minha perna ficou bamba. Eu finalmente consegui dizer que ela devia estar linda. Mais linda que o costume. Essas coisas que sempre falo quando me respondem o que estão usando. Ela riu alto e perguntou se eu queria vê-la. Respondi que sim e desliguei o telefone. Depois de um segundo apaguei seu número da memória do celular. Um minuto depois risquei da agenda. Ainda estava com a boca seca e cheio de tesão quando entrei no chuveiro frio, sabendo que nunca mais veria uma mulher que não fosse gestante do mesmo jeito que antes. Nunca mais faria o que sempre fiz. As minhas palavras, meus gestos, meus olhares seriam eternamente falsos. Como sempre foram."

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"Ela pousou uma rosa sobre o túmulo e qualquer um entenderia que ela gostaria de um pouco de silêncio. Entender as coisas nunca foi meu forte.

- Porque todo mês você vem aqui?

Ela me olhou de um jeito entre assustada e irritada. Incomodada seria a palavra certa. Se eu estivesse preocupado com isso.

- Todo mês você vem aqui e coloca uma rosa. As pessoas aparecem uma, duas vezes por ano. Você não. Eu não sei se tem dia certo, porque eu não estou aqui todo dia. Mas quase sempre eu te esbarro. É seu pai?

Ela confirma com a cabeça. Eu deveria me explicar melhor? Demonstrar um pouco de respeito? Porque que eu estou me perguntando isso?

- Te olhando assim. Eu percebo que talvez seu pai teria sido daquelas pessoas que odeiam flores. Ou então alérgico a rosas. E que você vem aqui só para se vingar.

Eu desisti de tentar adivinhar o que ela estava pensando. Desisti antes mesmo de começar.

- Você tem cara de que tem algo a se vingar. E pela foto, seu pai. Bem, seu pai tem cara de canalha.

Ela solta um som estranho pela boca e vai embora me empurrado. Mulher bruta.

- Ei, eu acho que você está certa.

Ela pára.

- As pessoas que nos fuderam tem que se fuder também.

Ela sai pisando duro. Má educada. Também com um pai de merda desses. Acho que vou trazer umas rosas amanhã também. Gostei dela.

- Agora são duas pessoas que irão te incomodar, velho."

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PAULICÉIA CITY

-onde os homens se esquecem e as mulheres se cansam-


Talvez tenha sido perto do metrô
Ou talvez próximo da Paulista
Poderia ser assim, sem querer, numa rua qualquer.
Não pedi o telefone, porque era algo que eu já deveria ter.
Não me lembro o que falamos, o que marcamos...
Me lembro do peso do teus seios,
da mordiscadinha do seu dente num beijo,
do seu sorriso cantante,
de um olhar de mágoa com o mundo,
das gotas de suor sobre suas espáduas,
do cheiro doce de suas pernas.
Mas disso, quem se importa?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

"Seus joelhos doem, mas é só pelo peso, pelo fato de sustentar seu corpo sobre eles durante tanto tempo. Esse tipo de dor não lhe incomoda. Sua fome já foi e voltou tantas vezes. Não fecha os olhos por medo de dormir. Suas axilas ardem. Sua garganta pede um pouco de consideração. Mas nada disso lhe faz sair do chão, tirar os olhos dessa mulher que está deitada, inerte. Ele reza. Ainda. Ele implora que não tenha errado na medida do clorofórmio que usou para fazer com que desmaiasse. Ele espera que não a tenha machucado muito quando a trouxe escondida para esse porão. Ele pede a Deus que o ajude a ter engravidado nessa única vez para que seu filho não nasça do pecado do desejo, porque ela não tinha condições de negar nada e ele realmente a amava. Ele anseia que dessa vez ela o entenda,e o aceite,e o ame; porque já havia enterrado seis mulheres vulgares e não havia mais espaço no quintal."

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"Eu apenas olhava para ele, e piscava tentando acordar. Porque tudo parecia um pesadelo. Ele me falava com sua voz quase fina meio-divertida, e sorria, e me tocava com delicadeza. Me tocava como se eu fosse algo importante e frágil. De forma segura e suave, Não me parecia que eram as mesmas mãos que me bateram seis horas antes. Não parecia a mesma voz que me humilhou e machucou tanto. Não parecia o mesmo homem. Não parecia o mesmo sonho. Não estava mais naquele pesadelo, onde corri descalça, segurando uma camiseta rasgada para evitar mais vergonha. Eu tentava acordar e comecei a descobrir que não era um sonho. Ele estava mesmo sendo o mesmo que sempre foi. Gentil. Amoroso. Comecei a pensar que eu tinha sonhado os xingamentos, os tapas e os gritos. Ele falou algo como se eu não estivesse escutando realmente, e eu realmente não estava escutando. Ele piscou para mim de forma que ficou claro que ele sabia. Sabia que eu não estava escutando. Sabia o que eu estava pensando. Sabia que agora eu pensaria duas vezes antes de fazer qualquer coisa. Qualquer coisa."

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

- Porque você voltou?
- Não tinha nada para mim lá.
- Lá onde?
- Lá. Qualquer lugar.
- Não tem nada para você aqui também.
- Aqui onde?
- Aqui. Lugar nenhum.
- E o tio?
- Bom.
- E a mãe?
- Morreu.
- De quê?
- Câncer.
- Onde?
- Estômago.
- Doeu?
- Muito.
- Que bom.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Larry está dentro de uma cafeteria. Rita está passando em frente a vitrine. Se notam. Sorriem. Ela entra.

Rita – Larry! Oi. (abraços)
Larry – Passeando?
Rita – Fui no cinema. Cadê o Harry?
Larry – Não sei.
Rita – (mudando de expressão) Você não ia se encontrar com ele?
Larry – Não, eu.... (Rita muda novamente de expressão) Eu... mudei de idéia.
Rita – Mas o cliente não era seu, e o Harry ia só te dar uma força?
Larry – É verdade, mas é que...
Rita – (continuando a sua fala, se tornando aos poucos mais agressiva) “servir de escudo”? Que você na verdade não era capaz?
Larry – (tentando pensar rápido) Foi? É, mas eu desisti e deixei para ele.
(pequena pausa)
Rita – É sempre assim? Toda vez que ele fala que vai sair com você, ele sai com outra?
Larry – Não é isso, é que...
Rita – Ou foi só dessa vez? (silêncio) Há quanto tempo vocês fazem isso? (silêncio) É sempre a mesma? Ou são sempre diferentes? Ou ele fica com uma um tempo, depois ele muda para outra? (silêncio) Por quê? Por que ele faz isso? Por que você faz isso comigo? Por quê ele não consegue bolar uma desculpa diferente e deixou assim tudo tão fácil? (silêncio) Há quanto tempo você faz isso para ele?
Larry – Desde o começo.
Rita – O quê? Há cinco anos?
Larry – Não. Desde o começo.
Rita – Como assim?
Larry – Desde a faculdade.
Rita – (chocada) O quê? Ele... você... Você? Mas... Você?
Larry – (baixando primeiro os olhos, depois a cabeça)
Rita – (pequeno silêncio) Por quê?
Larry – (levantando a cabeça e firmando o olhar) Porque eu te amo. Porque eu sempre te amei. Porque eu insisti com ele para leva-lo numa festa onde havia uma garota que era afim dele. Porque eu sempre quis que ele acabasse com você, que ele terminasse o namoro, para que eu tivesse uma chance. Tentei fazer ele terminar o namoro, o noivado e o casamento. Mas ele nunca fazia isso. E quando eu vi já era tarde demais, eu estava envolvido de um jeito que não conseguia nem me afastar dele, nem me afastar de você. Porque eu nunca consegui me afastar de você. Nunca foi por acaso ter descrição de detalhes seus nas coisas que eu fazia. Nas coisas que sempre fiz. Você sabe disso. Você mesmo já reparou. E depois que reparou nunca mais disse nada.
Rita – Mas eu...
Larry – (cortando) Você sempre esteve presente em tudo o que fiz, porque tudo que eu fiz foi pensando em você. Foi querendo te ter.
Rita – (atônita)
Larry – Porque eu te amo. Porque eu sempre te amei. Porque eu te quero! (beija-a)


Duas horas depois num bar. Larry e Harry sentados bebendo em silêncio)

Harry – E então.
Larry – Ela descobriu tudo.
Harry – Como?
Larry – Ela me encontrou no meio da rua e perguntou de você.
Harry – E antes que você pudesse responder, ela já tinha descoberto tudo.
Larry – Sim.
Harry – Ela é ótima.
Larry – É.
Harry – E o que você fez?
Larry – Falei que a culpa era minha, que tinha forçado a fazer isso porque eu a amava e queria ela só para mim.
Harry – Você é um bom amigo.
Larry – Eu sei.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Minhas Listas

Ok, ok..

Esse ano foi muito fraco para livros, para teatro e para dança, esposições, circo, etc... Só foi bompara filmes porque baixei um monte de coisa.

Mas vamos ver o que sobrou de 2009:


FILMES

assiti 80 filmes

os melhores do ano: Sussurros do Coração
Tumulo dos Vagalumes
A Partida
Vick Christina Barcelona
Piaf


Animês

assisti 36 títulos

Os melhores do ano: Suzumya
Nodame Cantabile
GTO
ef~A Tale of Memories
Mushishi


Livros

Li 38 livros

O melhor do ano: Quando eu era o tal



Teatro

Assisti 21 peças

As melhores do ano: Ibéria
Othelito
A vaca de Nariz Sutil
Determinadas Pessoas



E é isso.