terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Larry está dentro de uma cafeteria. Rita está passando em frente a vitrine. Se notam. Sorriem. Ela entra.

Rita – Larry! Oi. (abraços)
Larry – Passeando?
Rita – Fui no cinema. Cadê o Harry?
Larry – Não sei.
Rita – (mudando de expressão) Você não ia se encontrar com ele?
Larry – Não, eu.... (Rita muda novamente de expressão) Eu... mudei de idéia.
Rita – Mas o cliente não era seu, e o Harry ia só te dar uma força?
Larry – É verdade, mas é que...
Rita – (continuando a sua fala, se tornando aos poucos mais agressiva) “servir de escudo”? Que você na verdade não era capaz?
Larry – (tentando pensar rápido) Foi? É, mas eu desisti e deixei para ele.
(pequena pausa)
Rita – É sempre assim? Toda vez que ele fala que vai sair com você, ele sai com outra?
Larry – Não é isso, é que...
Rita – Ou foi só dessa vez? (silêncio) Há quanto tempo vocês fazem isso? (silêncio) É sempre a mesma? Ou são sempre diferentes? Ou ele fica com uma um tempo, depois ele muda para outra? (silêncio) Por quê? Por que ele faz isso? Por que você faz isso comigo? Por quê ele não consegue bolar uma desculpa diferente e deixou assim tudo tão fácil? (silêncio) Há quanto tempo você faz isso para ele?
Larry – Desde o começo.
Rita – O quê? Há cinco anos?
Larry – Não. Desde o começo.
Rita – Como assim?
Larry – Desde a faculdade.
Rita – (chocada) O quê? Ele... você... Você? Mas... Você?
Larry – (baixando primeiro os olhos, depois a cabeça)
Rita – (pequeno silêncio) Por quê?
Larry – (levantando a cabeça e firmando o olhar) Porque eu te amo. Porque eu sempre te amei. Porque eu insisti com ele para leva-lo numa festa onde havia uma garota que era afim dele. Porque eu sempre quis que ele acabasse com você, que ele terminasse o namoro, para que eu tivesse uma chance. Tentei fazer ele terminar o namoro, o noivado e o casamento. Mas ele nunca fazia isso. E quando eu vi já era tarde demais, eu estava envolvido de um jeito que não conseguia nem me afastar dele, nem me afastar de você. Porque eu nunca consegui me afastar de você. Nunca foi por acaso ter descrição de detalhes seus nas coisas que eu fazia. Nas coisas que sempre fiz. Você sabe disso. Você mesmo já reparou. E depois que reparou nunca mais disse nada.
Rita – Mas eu...
Larry – (cortando) Você sempre esteve presente em tudo o que fiz, porque tudo que eu fiz foi pensando em você. Foi querendo te ter.
Rita – (atônita)
Larry – Porque eu te amo. Porque eu sempre te amei. Porque eu te quero! (beija-a)


Duas horas depois num bar. Larry e Harry sentados bebendo em silêncio)

Harry – E então.
Larry – Ela descobriu tudo.
Harry – Como?
Larry – Ela me encontrou no meio da rua e perguntou de você.
Harry – E antes que você pudesse responder, ela já tinha descoberto tudo.
Larry – Sim.
Harry – Ela é ótima.
Larry – É.
Harry – E o que você fez?
Larry – Falei que a culpa era minha, que tinha forçado a fazer isso porque eu a amava e queria ela só para mim.
Harry – Você é um bom amigo.
Larry – Eu sei.

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