quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"Ela pousou uma rosa sobre o túmulo e qualquer um entenderia que ela gostaria de um pouco de silêncio. Entender as coisas nunca foi meu forte.

- Porque todo mês você vem aqui?

Ela me olhou de um jeito entre assustada e irritada. Incomodada seria a palavra certa. Se eu estivesse preocupado com isso.

- Todo mês você vem aqui e coloca uma rosa. As pessoas aparecem uma, duas vezes por ano. Você não. Eu não sei se tem dia certo, porque eu não estou aqui todo dia. Mas quase sempre eu te esbarro. É seu pai?

Ela confirma com a cabeça. Eu deveria me explicar melhor? Demonstrar um pouco de respeito? Porque que eu estou me perguntando isso?

- Te olhando assim. Eu percebo que talvez seu pai teria sido daquelas pessoas que odeiam flores. Ou então alérgico a rosas. E que você vem aqui só para se vingar.

Eu desisti de tentar adivinhar o que ela estava pensando. Desisti antes mesmo de começar.

- Você tem cara de que tem algo a se vingar. E pela foto, seu pai. Bem, seu pai tem cara de canalha.

Ela solta um som estranho pela boca e vai embora me empurrado. Mulher bruta.

- Ei, eu acho que você está certa.

Ela pára.

- As pessoas que nos fuderam tem que se fuder também.

Ela sai pisando duro. Má educada. Também com um pai de merda desses. Acho que vou trazer umas rosas amanhã também. Gostei dela.

- Agora são duas pessoas que irão te incomodar, velho."

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