quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os esqueletos de Murakami

Eu olhava atentamente para eles. E estavam corretos. Eram seis. Um deles não tinha o braço direito. Como ele cortava o pão? Porque não existem poetas manetas? Existem bateristas. Porque eu estava ali?
O osso não é branco. É de um tom encardido. Nem é algo liso. Tem fissuras, protuberâncias,... Fissuras e Protuberâncias. Palavras estranhas para uma quarta-feira de manhã.
Ainda é quarta-feira? Ainda é de manhã?
Nãos os toco, nem reverencio, nem sinto medo. Apenas os olho. As vezes esqueço de respirar, mas logo me lembro e dou umas arfadas para logo esquecer de novo. E assim repito durante todo o tempo que me prendo ali.
Não sei o que vai acontecer, mas nunca se sabe, não é?
Para quem eu fico perguntando essas coisas? Para mim mesmo? Não seria estupidez fazer perguntas para alguém que você sabe que não tem as respostas?
Quem cala consente.
Me calo e me lembro de respirar. Queria esquecer de olhar, as vezes. Já me esqueci de escutar, mas não sei se é isso que está acontecendo agora, ou simplesmente não há nada para ouvir.
Acho que deveria me levantar e atravessar a parede. Deve ser a única maneira de sair daqui.
Ou talvez acordar, se esta for uma opção. Opção é bom, mas atrapalha. E não se pode esquecer do destino. Com maiúscula se for em português. Destino.
Mas Destino é coisa para covarde, você tem que concordar comigo.
Mas para quem estou falando isso?
Pronto. Comecei a perguntar de novo.

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