quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Uma vez eu estava bem bonitinha, com uma roupinha ajeitadinha, justinha, mas não estava (fala de forma afetada, demonstrando ironia) “fantasiada de mulher” como diziam lá onde morava. Eu estava bonita, me sentia bonita, e estava completamente apaixonada. O menino, mais velho, 20 anos, eu com 16, todo charmoso, me dando bola, sorrindo... eu, bobinha, ingênua acreditando que o amor existia, e que estava ali, ao alcance da mão, aceitei sair com ele. A gente se encontrou num lugar estranho, ele pegou na mão – gente, ele pegou na minha mão e não teve nojo – eu só fiquei mais apaixonada, me levou para um cantinho, eu que nunca tinha nem beijado, estava tremendo. Me segurou na parede, segurou meu rosto – com um pouco mais de força do que precisava, mas tudo bem – (Imita a voz do rapaz) “E então sua bichinha?” – eu não sei o que veio primeiro se o espanto ou o medo – “vai me chupar ou não?” – Eu sei voz, sentido o sangue fugindo do rosto, do peito, um frio no peito – e um tapa. Bem mais forte dos que o da minha infância. Eu caí no chão. Eu gaguejava, eu não sabia o que fazer, o que falar – “e então, bichinha? Vai dar uma de mulherzinha agora” – me levantou e outro tapa. Talvez eu até pudesse enfrentá-lo, nunca fui forte, mas não queria ser tão inútil. Eu falei, não sei porque, não sei como, que não era bicha. “então é um traveco. E traveco toma no cu”. Me jogou no chão , me deu um soco na boca e me invadiu. Tive dois dentes quebrados, deslocamento da cartilagem do nariz, ferimentos e hemorragia generalizada no ânus.

Eu fui estuprada. 205 mulheres são estupradas por dia, entre casadas, idosas e jovens, virgens ou não. Se somar ao numero de gays, lésbicas, travestis e transexuais o numero aumenta para quase 700. Por dia! Eu só fui mais uma."

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