quarta-feira, 11 de maio de 2011

Matéria minha na Neo Tokyo

Este mês sapiu uma matéria minha na revista Neo Tokyo.
ÊÊÊÊÊ!!!

mas como é grande vou publicar aos poucos...


Até 1945, o Japão era bem diferente do que é hoje: Era governado por um deus vivo, e toda a sociedade era baseada no Sistema Ie, algo que pode ser entendido como “família”. Aquele núcleo social composto avós, pais, filhos, netos, genros, noras, etc. Todos morando na mesma casa e servindo a uma hierarquia de poder e privilégios: os homens antes das mulheres e os mais velhos antes dos mais novos. Essa hierarquia refere-se a tudo: desde o direito a fala até a ordem do banho. Segundo esse sistema, por exemplo, o filho mais velho recebia toda a herança dos pais (negócios, terras, dinheiro) e os outros irmãos recebiam nada. Quando uma mulher casava, ela realmente deixava sua família e entrava na família do noivo, recebendo assim, novos pais e mais obrigações. Como nas antigas sociedades, a mulher era moeda de troca, a família tratava dos casamentos visando acordos políticos e financeiros. Essa maneira de agir e pensar se estendia por toda a sociedade japonesa, até culminar na figura do Imperador, que seria o “Grande Pai” de todos.
Só após o fim da II Guerra que as coisas mudaram.
Apenas a partir de 1945 é que as mulheres tiveram direito ao voto, e puderam se candidatar a cargos públicos, e a constituição de 1947 define a igualdade de direitos entre homens e mulheres e promove a liberdade do casamento, ou seja, as mulheres agora poderiam se casar somente se quisessem.

E qual o mangá, escrito para o público de jovens garotas, refletia muito bem essa nova realidade?

A PRINCESA E O CAVALEIRO

Numa terra onde apenas os homens podem governar, uma menina é tratada como futuro rei. Safire, a princesa, é apresentada a todo o reino como um menino, esta farsa visa combater de frente um duque terrível, que seria o próximo na linha de sucessão ao trono. Mas ao fazer quinze anos, Safire conhece o príncipe Franz e se apaixona. Agora o futuro de seu reino e de seu coração está em suas mãos. Este é o enredo-base de A Princesa e o Cavaleiro (Ribon no Kishi). A história de uma heroína que possuía dois corações, lutava com espadas, usava uma peruca exageradamente glamorosa e vivia um amor impossível, foi o escrita e desenhada pelo deus do mangá Osamu Tezuka.

Antes das aventuras da princesa Safire, as histórias escritas para meninas eram todas escritas e desenhadas por homens, e assim, as histórias eram baseadas na opinião masculina do que as mulheres deveriam querer. Sempre se tratavam de histórias onda uma garota que sofria, e ansiava pelo casamento e maternidade. Este mangá deu voz ativa para as heroínas. Propôs as suas leitoras que lutassem pelo que achassem certo, mesmo contrariando os desejos dos pais e da sociedade. Está certo que no fim da história, Safire se torna efetivamente mulher, com um só coração e se casa. Mas estamos falando de 1953. A Princesa que também era cavaleiro foi uma revolução.

Foi a primeira história longa para meninas. Se antes duravam dez páginas ou menos, Ribon no Kishi durou 3 anos. Ele introduziu os olhos grandes, os corpos longilíneos e os cabelos espetados. Foi essa história, voltada ao público feminino, que foi a base da estética que iria moldar a industria do mangá como um todo.

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