quarta-feira, 4 de maio de 2011


“Jovem italiana com rosto completamente judaico, a não ser pelo perfil. Levanta-se, as mãos estendidas para o parapeito, e com apenas o corpo miúdo à vista, sem o estofo dos braços e ombros, agarra um pilar como se o vento estivesse para arrancar uma arvore. Lia uma novela policial que seu irmãozinho por muito tempo ficou pedindo empestado, inutilmente. Sue pai, ali perto, com o nariz pronunciadamente recurvado, enquanto o dela apresenta uma suave curvatura no mesmo lugar e por isso mesmo era menos judaico. Olha freqüentemente para mim, por curiosidade, para ver se eu não teria finalmente a bondade de parar com aquele (este/meu) olhar importuno.”

Relato de uma viagem, 09 de setembro de 1911 – onde anotava o que via, onde pudesse, o tempo todo.



Kafka, preso a sua própria solidão, era um homem conturbado com acessos de genialidades. Fosse hoje com twitter e celular, seria apenas mais um chato.

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