terça-feira, 22 de março de 2011

Estava claro que aquele homem vinha para me trazer má sorte. Todos os sinais estavam evidentes. O cigarro, as botas, os fiapos da calça. O tom azulado no rosto, vindo da noite, vindo da barba. Rala, rala; que arranharia com delicadeza. O meu desejo descrito, meu futuro encarnado. Um bom pedaço de um mau caminho. Danei com o mau passo e abri o sorriso. Já sabia e tudo antes de acontecer. Já sabia do meu prazer imenso e da minha dor, e da solidão que viria em menos de oitos horas. Só gostaria que ele ficasse quieto ao invés de contar mentiras. Mas já sabia que não seria assim. Já sabia de algum objeto furtado, já sabia o que fazer para jantar, e a quantidade exata para não sobra nada para amanhã. Odeio comer sozinho. Já sabia que ele era sagitário. Eu só gostaria que sua lua pousasse sobre a minha, pelo menos por hoje.

Um comentário:

  1. O título "Que queime" é bem maldito e marginal...me atraiu, mas o que escreves também é ótimo, gostei demais, espaço bacana.

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