quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Não era para ser assim. Deveria ser um papel rústico, mas brilhante, ao mesmo tempo flexível e duro, com suas bordas queimadas e seu miolo claramente limpo. A caneta deveria ser uma pena de algum pássaro que não conheço, e mesmo sem tinta, ela escreveria tudo, sem borrar e sem ter uma bolinha de ferro na ponta. A assinatura bastaria uma gota de sangue, vinda de um pequeno furo no meu dedão, feito com um grampo que apesar de ser afiado e comprido, nunca te machucaria quando o usasse para prender o cabelo; este grampo você deixaria de propósito na minha cama, dentro do meu convés de capitão pirata, que não balança. Apesar da pouca água e da falta de costume, seu cabelo estava sempre lindo e você sempre cheirosa, nunca suaríamos depois e durante o amor. Para fechar a carta, nada de cola do correio, um pouco de cera vermelha, amassada pelo meu anel. Uma ave levaria a carta, ou um mensageiro sobre cavalo. Nós ficaríamos juntos no final, como em todos os filmes que assisti. Não era para ser assim..."

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