terça-feira, 22 de novembro de 2011

"Eu sempre dizia que só sabia contar até 07. Era uma piada interna. Porque o revolver que usava era antigo, era do meu pai, e só cabiam 07 balas no tambor. Era de tambor. Eu disse que era antigo. Meu pai chamava o revolver de 007, e pedia “licença” quando atirava em alguém. Era a piada interna dele, não vou julgar. Era um revolver pesado, feito para ser eterno, confiável. Teve uma vez que tomaram ele de mim, uma das 05 vezes que dei mancada, sou um cara de sorte, mas tenho medo de chegar na sétima mancada. Meu pai só deu mancada uma vez, e foi a última. A minha quinta mancada foi por causa de mulher, como todas as outras vezes, e um fiodiputa, como dizia meu pai, conseguiu pegar meu revolver e apontou para mim. Não é difícil ser inteligente, é só pensar. Deve ser mais fácil ainda ser burro, mas eu não julgo ninguém. Eu disse para o desgraçado que como é que ele ia atirar com o pino de segurança levantado? Ele tirou os olhos de mim e procurou pelo pino de segurança. Saquei a pistola, outra herança do meu pai, e fui mais rápido. Onde é que já se viu pino de segurança em revolver? A ignorância é uma benção, a burrice é um martírio. Faz tempo que não vejo aquela pistola. A diferença entre uma pistola e um revolver é maior que a aparência. Já tive uma bereta também. Mas o que eu sinto falta mesmo é do revolver 07 balas do meu pai. Sou um sentimental, quem pode me julgar?"

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