quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ofélia - Reportagem.


A Ofélia de Shakespeare, de modo bem genérico, correu, conversou com as pessoas, dançou entre as flores e sucumbiu desiludida de amor. Hoje, um pouco diferente, ela sobe ao palco do Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo, na peça homônima ao seu nome, protagonizada pela carioca Ana Cecília Reis e dirigida pelo são-bernardense Ronaldo Ventura. A montagem será exibida hoje e dia 28.

Junkie, a Ofélia atual coloca a carapuça do sistema para lidar com o abandono do noivo Hamlet e a morte dos pais.

"No espetáculo, dinheiro, arrogância, drogas e sexo são a couraça que ela usa para se proteger. Ofélia ainda é a menina frágil que espera proteção. Mas, vivendo em uma redoma de aparências, deixa passar a vida sem participar efetivamente", conta Ventura, que pega como inspiração para esta versão o modo de vida contemporâneo.

"Reduzimos o nível de relação humana, as pessoas estão doentes, querendo ser ouvidas, carentes, mas escondem a fragilidade sob as roupas de grife", completa o diretor.

Elementos como água e fogo colaboram na condução que a intérprete Ana Cecília dá a seu personagem. Simbolismos que, por meio das ideias de Jung, buscam comunicação de fácil assimilação por conta da universalidade dos significados, mas sendo empregados de maneira individualizada de acordo com a situação.

"São elementos de diversas visões. O fogo, ao mesmo tempo que indica afago, queima. É útil, mas perigoso. A água traz a questão do ciclo, do eterno retorno. Por mais que ela tente se recuperar dos baques, tudo acaba em morte, abandono. Sua necessidade é aprender a lidar com isso", declara Ana Cecília.

"A Ofélia contemporânea mostra primeiro o lado que ela quer mostrar aos outros, o superficial. À medida que a peça ocorre, ela resgata sua verdadeira essência e intensidade", finaliza a atriz.





Matéria de Thiago Mariano para o Diário do Grande ABC.
Foto de Rodrigo Domit

Link:
http://www.dgabc.com.br/News/5852335/ofelia-de-butique.aspx

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