quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

(Ele está quieto na dele, lendo algo, vendo tv, algo assim. Ela aparece toda agitada e feliz. Ele não a percebe, até que ela grita, anunciando um grande evento)
Ela – Festa do Buraco Quente!
Ele – Buraco Quente?
Ela – É!
Ele – Não vou.
Ela – Porquê?
Ele – Buraco quente? Coisa de gay. Não vou.
Ela –Não é nada de gay. È uma festa do pessoal do grupo, para arrecadar grana para montar a peça
Ele – Festa de grupo de teatro, e naõ tem nada de gay? (sarcástico) Tá bom.
Ela - Que pensamento mais retrógrado.
Ele – Certo. (pequena pausa) a coisa se chama Festa do Buraco quente, e não tem nada de gay? (sarcasmo) Tá bom.
Ela – Buraco quente é um tipo de lanche. Você pega o pão, tira o miolo e coloca um recheio, mas sem cortar entendeu? Você faz um buraco no pão e coloca, sei lá, carne louca, molho com salsicha, entendeu?
Ele – (nostalgico) Nossa, isso me lembrou de quando eu era criança, isso parece aquelas coisas que eu comia nas festas dos meus vizinhos quando eu era criança. (mudando de humor) Coisa de pobre. Não vou.
Ela – Como assim?
Ele – Coisa de pobre. Aquela salsicha cortada em quatro, carne desfiada. Não vou.
Ela – Mas como coisa de pobre se só para entrar tem que pagar mais de vinte pau? É normal hoje em dia fazer coisas meio bregas, meio de pobre para se divertir. É chique. É divertido. Descontrai, entende?
Ele – Hummm, acho que eu esou entendendo tudo agora; é uma festa para ir gente com grana, fingindo que gosta de coisa de pobre, porque na verdade gosta e não pode assumir, certo? Vão ficar comendo comida de pobre e pagando uma fortuna porque é divertido, ouvindo musica ruim, uma seleção do pior dos anos 80, de Sidney Magal a Beto Barbosa, porque é cool ser brega; cheia de gente descolada que não é bicha, nem sapatão, mas gosta de queimar a rosca, fazer um fio-terra e chupar um grelo porque está na moda; e vão fazer tudo isso num lugar caro com decoração estragada, ou sem decoração, porque assim é mais chique, né? E tudo isso porque é divertido, para descontrair?
Ela – É.
Ele – Não vou. (volta a sua possiçaõ original. Ela fica brava. B.O.)

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