quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Ele deu um tapa no ar. Fez um movimento brusco e curvilíneo para apagar a última das velas. Nunca assoprava. Nada. Sua mão proporcionou uma pequena lufada de vento, forte o suficiente para trepidar a chama e apagá-la. Tão acostumado, fez o movimento subindo os degraus, olhando em outra direção. A chama se apagou logo, e dela saiu uma fagulha de um vermelho tão vivo e intenso que brilhava mais que o esperado. Essa fagulha rodou pelo ambiente e se refletiu nos olhos da menina. Foi um segundo, ou talvez menos. Mas nesse pequeno instante, seus olhos pareciam vivos de novo. Daria a impressão de quem a menina quanto a fagulha viviam e morriam juntas, e não que ela já estivesse morta há alguns minutos. E logo depois desse segundo, ou menos, a escuridão total. Ele teria achado poético, se tivesse prestado atenção."

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