segunda-feira, 1 de março de 2010

PAULICÉIA CITY

-onde sempre tem lugar para um adeus a mais-


Parado, quieto, sob a neblina
a garoa fina e fria ao fundo
a mochila sobre um ombro
as mãos no bolso
e um olhar perdido.
Ela assim que ela devia me ver.
Parada, olhos azuis
cabelos negros e curtos
uma bela idade expressa nas marcas de seu
rosto.
Eu a via assim.
Olhamos, quase sorrimos e demos um passo cada um
em direção do outro.
O que havia era a promessa de um amor.
De uma paixão fugidia.
De um encontro bandido.
O que havia era uma intensão
uma tensão oculta
O que houve foi um carro chegando, buzinando, roubando de mim o seu olhar
O que houve foi um anuncio abafado da partida do meu ônibus.
O que houve foi a certeza de que não iria ser dessa vez.
A certeza de não viveríamos o desejo.
Que não seríamos felizes de um jeito único e louco.
A certeza que isso não aconteceria
nunca mais.

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