quinta-feira, 4 de março de 2010

trecho de uma peça abortada

"Kafka – Vim buscar o dramaturgo.
Vendedor de Carnes – Não temos nenhum dramaturgo.
Kafka – Então me dê um romancista, eu adapto. Sai mais barato.
Vendedor de Carnes – Não temos nenhum romancista.
Kafka – Contista?
Vendedor de Carnes – Não temos.
Kafka – Algum crítico? Pode ser algum que não vale nada.
Vendedor de Carnes – Só trabalhamos com produtos de qualidade.
Kafka – Então, um crítico de qualidade. ( Vendedor nega com a cabeça) Um autor de artigos? de crônicas? de notas?
Vendedor de Carnes – Não. não. Não.
Kafka – Então, um cínico. Me dê um cínico morto.
Vendedor de Carnes – Temos este. (mostra um corpo em putrefação)
Kafka – Mas isto aí é um espelho. Eu não quero um espelho. Quero algo que valha a pena.
Vendedor de Carnes – Isto é o comum de nossos dias. Quando aparece um espelho diante de nós, não é o queremos."

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