terça-feira, 14 de setembro de 2010

"Ela veio com seu vestido e uma travessa com duas xícaras e um bule de chá. Algo que só tinha visto em filme: uma travessa com xícaras e um vestido com aquele corte e decote que parece segurar tão bem os seios. É um vestido que antes me daria inveja devido aos tamanhos dos meus seios. Sim, tamanhos. Eles são meios desproporcionais. Uma vez eu disse isso para ela, que sorriu o riso perfeito e respondeu que estava enganada, que era uma impressão errada, e que me faria mudar de idéia. Sobre os seios? Sobre tudo. O sorriso não me oferece nenhuma xícara, me apresenta as possibilidades de escolha e espera uma atitude minha. Acho. Desvio o olhar no momento que percebo que eu realmente não sinto inveja, sinto desejo. Não acho. Não acho mais nada, me atrapalho entre xícaras e bule, e o riso aumenta o volume e descubro que se pode ser charmosa e vulgar ao mesmo tempo quando escuto para tomar cuidado. Não vá queimar nem os dedos nem a língua. No meio da atmosfera de Melissa e Laranjeira, o calor sobe em forma de vapor e suor. E assim ela me acha. E eu me encontro. Numa neblina pouco espessa de início de sábado."

2 comentários:

  1. é engraçado perceber como teus belos textos sempre se relacionam com gostos, sabores, cheiros e sons...acho peculiar.

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