quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"Eu olho para você e me dá raiva daquele homem que comeu os melhores anos de sua vida. Não foi apenas você e a comida da sua mãe, que ele comeu ao longo dos anos. Mas justamente isto. Os anos. Os dias. As horas. Que vieram uma a uma, uma sobre a outra, encavalando assim, os momentos e os espaços que não cabiam eu, nem meu carinho. Carinho, que não é amor, nem desejo, nem frescura. Só uma vontade de cuidar. Como daquelas que temos ao ver um filhotinho de qualquer bicho. Era esse lado bicho seu: que morde para fazer carinho, que se aninha e dorme apesar do barulho, que se incomoda com fogos de artifício, que reconhece o falso pelo cheiro, que faz barulho mesmo e foda-se. Queria ver você bicho, livre. E como bicho, você se prendeu, se deu a quem o afago lhe caiu bem. E não se arrepende de nada. Confiro o brilho dos seus olhos, e vejo que você está feliz assim. Queria estar feliz por você. Mas não confio em suas decisões. Nem nos seus gostos pessoais."

2 comentários:

  1. "Carinho, que não é amor, nem desejo, nem frescura. Só uma vontade de cuidar. Como daquelas que temos ao ver um filhotinho de qualquer bicho."

    Ah, que bela imagem me suscitou essas palavras, lembrei da minha infância, da doçura que havia em meus olhos ao ver um bichinho ali, quietinho,vivendo.

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  2. ainda quero sonhar com a felicidade ... se ela faz parte dos dias? talvez não! talvez sem você não!

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