terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

(Ele e Ela caminham. Ela está absorta, ouvindo walkman, ou analisando os pássaros, ou simplesmente sentindo o vento. Ele discorre sem para, sobre um assunto não muito entendível)

Ele – Olha, talvez tudo seja assim mesmo, não é? Uma grande coisa atrapalhada. Uma ferida aberta, exposta, que não dói. Nem sei porque chamei de ferida, vai ver que se chamasse de coceira ia diminuir sua importância, seu impacto visual. Existe isso, né? E existe esse troço estranho, que não tem cheiro, nem sabor e não refresca. Porque olhe bem, analisando assim de perto, é estranho, fala a verdade. E de longe então? Deve ser tão confuso, deve dar impressão de tanta coisa, menos a coisa em si. E eu chamando tudo isso de coisa. Não sei o que é pior. Na verdade até sei. O pior mesmo é mais que a promessa não cumprida. O pior mesmo é a ausência não é? O não-coisa, o não-nada. O que você acha?
Ela – (trazida de volta a realidade) Hã?
Ele – (sorrindo) Eu gosto de você.
Ela – Isso é bom.

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