quarta-feira, 26 de junho de 2013



"Sabe como chama isso?
Ele perguntou passando os dedos pelas pintas que ela tinha pelo corpo. Ela pensou em falar que era uma espécie de liga-pontos, que se ele ligar todos os pontinhos vai aparecer a palavra foda-se. Ela tinha o costume de sorrir para que lhe eram indiferentes, tratava bem as pessoas que não gostava, era comum isso para ela. E as pessoas que ela gostava, demonstrava publicamente sinais de indiferença. Respondia casualmente alguma pergunta, e dificilmente mantinha algum contato visual com qualquer um que lhe fizesse sorrir. Ela era estranha, admitia. Mas seus amigos, de alguma forma, sabiam que eram amigos. Conseguiam reconhecer alguma manifestação velada de carinho. E agora ela estava ali. Nua, dividindo o lençol com um pentelho que com certeza está querendo fazer alguma graça. Ela pensou em mais duas ou três respostas grossas. Uma era boa o suficiente para colocar no face mais tarde. Mas ela ficou quieta, olhando aqueles olhos e com medo de parecer idiota. Decidiu sair da cama, pegar uma calcinha nova e ir fazer um café.
Melanócitos.
Ela respondeu, mais brusca e menos fria do que gostaria. Droga. Acho que estou apaixonada. Pensou, deixando o chinelo para trás e indo correndo para a cozinha."

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