terça-feira, 18 de junho de 2013

Terça Lés



"Ela estava já uns 4, 5 metros do chão, quando pensou em perguntar se era seguro. Estava escalando numa parede fácil e realmente não parecia ser a primeira vez dela. Dois dias antes tinha me encontrado num lugar comum e puxado um assunto bobo, e disse que tinha reparado nas minhas mãos. O que tem minhas mãos? Unhas. Curtas e bem feitas. Mas eu nem passo esmalte. E ela sorriu e descobriu que eu trabalhava aqui como instrutora. Descobriu ou eu contei, não lembro de muitas coisas depois que bebo. Você me aguenta? Perguntou já há uns sete metros sem volta. Fácil, fácil, disse e sorri. Estou dizendo se seu braço me aguenta. Ela gritou fingindo medo. Eu segurava a corda de segurança que passava por um cano lá no alto e descia, sendo amarrada no oitão que eu mesma prendi no mosquete dela, depois de ter garantido que a cadeirinha estava segura. Fácil, fácil, respondi. É nesse braço que eu seguro todos os meus desejos. Eu sabia que você segurava no muque as suas paixões. Falou e foi subindo. Não, minhas paixões eu seguro nos dentes. Mas isso ela não ouviu."

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