terça-feira, 11 de janeiro de 2011

- E o que é isso?
- Me parece uma camisa.
- Se parece uma camisa, é porque é uma camisa.
- Eu sei é que...
- Não existe nada que pareça uma camisa e que não seja uma camisa.
- Entendi. Foi que...
- Só se for outra camisa.
- Como assim?
- Só outra camisa se parece com uma camisa, que não é a própria camisa.
- Mas do que é que você está falando?
- Da sua incapacidade de perceber o obvio. É feminina ou masculina?
- Como vou saber?
- O óbvio, o óbvio. Comece pelo óbvio. Porque você está cheirando ela?
- Para ver se tem perfume.
- E se tiver, seria feminina?
- Ou masculina.
- E no que isso ajudaria? E se for masculina de alguém que gosta de perfume feminino? Ou ao contrário? E se tiver cheiro de suor? Como você vai reconhecer?
- Se tivesse cheiro de canela, por exemplo, saberia que é alguém que trabalha com comida.
- Ou só com doces. Ou com café. Ou numa plantação de canela. Ou alguém que encostou numa árvore de canela para descansar depois de correr no parque.
- Mas isso não é óbvio.
- Nada disso é óbvio. Por isso não cheiramos uma camisa para ver se ela é masculina ou feminina.
- Então o que eu faço?
- Os botões.
- Hum. Normais. Óbvio, mas não sei como...
- Não! Os botões estão de que lado?
- Na esquerda.
- Então é feminina. Agora vamos procurar o...
- Espera. Como assim? Tá na esquerda é feminina? E se fosse masculina?
- Estariam do lado direito. Vamos.
- Mas você não está explicando nada!
- Óbvio.

Um comentário: