quarta-feira, 22 de maio de 2013



"Aqui passava o bonde. Pensou, enquanto dava um pontapé de leve numa pedrinha. Aquela pedrinha deve ter uns 500 anos, ou mais. Foi instantâneo o pensamento, no momento que foi coberta pela sombra de um sobrado. E esse sol meu Deus, há quanto tempo? Estava marcando o passado a cada passo. Estava assim, desde que percebeu que havia um tempo para tudo. Se para tudo há um tempo, há quanto tempo para tudo? Perguntou para si mesma, naquela confusão onde só ela se entendia, e nada importava, pois nunca havia respostas. Eu nunca sei as respostas, eu só ponho para fora as palavras e elas se encaixam, e as vezes acertam. Será que foram as palavras certas, agora há a pouco? Se foi a pouco, porque digo “agora”? Estava cansada de se confundir, ainda mais sabendo que era de propósito. Não tinha dado nenhuma resposta porque, na verdade, não fora feita nenhuma pergunta. Lhe pediram um tempo, ou lhe deram um tempo, ela não saberia dizer. Só sabia que as coisas consomem tempo para se tornarem as coisas. O bonde sobre as pedras iluminadas pelo sol teve seu tempo. E ela agora tem o dela. Tinha lhe dado um tempo, ou pedido, não sabe, e por isso voltava sozinha para casa. Até quando? Não perguntou, não tinha tempo para resposta."

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