terça-feira, 28 de maio de 2013

Terças Lés



"Ela ficou olhando aquela flor amarela por um tempo antes de arrancá-la. Tó. Estendeu o braço para o lado num gesto seco. Era a menor frase que já tinha dito e cabia tanta coisa dentro dela. A flor foi recebida em sorrisos e silêncio. Caminhavam juntas em direção a algum lugar que deveria existir mas não sabiam onde. Entenda, ela tentou de novo, eu não consigo ser “mulherzinha”, se for isso que você está procurando. Se arrependeu da péssima escolha de palavras numa bufada. Guardou as mãos no bolso e decidiu ficar quieta, não era a favor da auto-sabotagem, apesar de sua larga experiência no assunto. Poderia ter escutado a outra piscar, mas seus ouvidos estavam atentos nos sons que fazia enquanto engolia a própria saliva. Mas parou quando ouviu: olha. Parou, virou o rosto para aquela mulher bonita do seu lado, e sentiu suas mãos ficarem frias. Olha, a gente está andando uma do lado da outra há muito tempo. Eu aprendi na escola que as paralelas se encontram no infinito. Eu não quero esperar tanto assim. A abraçou e esperou que o beijo viesse. Não esperou tanto tempo assim."

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