quarta-feira, 15 de maio de 2013



"Ela o viu do outro lado do bar. Ele era do tempo que lhe incomodava ser chamada de baixinha. Ele era do tempo em que ele lhe incomodava. Sentada, olhando por cima dos gargalhos, das espumas brancas sobre os copos, e no meio da fumaça de alguns cigarros, lembrou o quanto de sua felicidade dependia daquele cara ali. Pelo menos era o que imaginava na época. Imaginava muita coisa na época. Ali, com seu decote e seu batom, nem percebeu que sorria. Sorria de si mesma. Nem cogitou em ir falar com ele, ou provocar um encontro “acidental”, mas então começou a tocar aquela música que a fazia pular, e cantar junto, e quase todos se levantaram e começaram a pular e cantar junto. Ela achou melhor não. Manteve a pose para as amigas e conteve qualquer emoção que não fosse própria para aquele momento. Levantou os olhos e não o encontrou, devia estar se divertindo com os outros. Ela não era própria para aquele momento. Se levantou, ostentou um sorriso e foi andando balançando a cabeça no ritmo até lá fora. Precisa respirar longe dele. Saco. Às vezes havia pessoas demais no seu mundo."

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