"Ela o viu do outro lado do bar.
Ele era do tempo que lhe incomodava ser chamada de baixinha. Ele era do tempo
em que ele lhe incomodava. Sentada, olhando por cima dos gargalhos, das espumas
brancas sobre os copos, e no meio da fumaça de alguns cigarros, lembrou o
quanto de sua felicidade dependia daquele cara ali. Pelo menos era o que
imaginava na época. Imaginava muita coisa na época. Ali, com seu decote e seu
batom, nem percebeu que sorria. Sorria de si mesma. Nem cogitou em ir falar com
ele, ou provocar um encontro “acidental”, mas então começou a tocar aquela música
que a fazia pular, e cantar junto, e quase todos se levantaram e começaram a
pular e cantar junto. Ela achou melhor não. Manteve a pose para as amigas e
conteve qualquer emoção que não fosse própria para aquele momento. Levantou os
olhos e não o encontrou, devia estar se divertindo com os outros. Ela não era
própria para aquele momento. Se levantou, ostentou um sorriso e foi andando
balançando a cabeça no ritmo até lá fora. Precisa respirar longe dele. Saco. Às
vezes havia pessoas demais no seu mundo."
quarta-feira, 15 de maio de 2013
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