segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Quando ela percebeu, percebeu tudo. Percebeu as coisas e o mundo. Descobriu como a chamariam, lésbica, mania de adolescente de ar nome para tudo. Logo ela, que nunca gostou de ser chamada de nada, nem pelo nome, às vezes. Percebeu não tinha salas de bate-papo para lésbicas de 13 anos. E ela precisava muito conversar com outra lésbica de 13 anos. Percebeu isto quando foi conversar com alguém da própria classe e não sabia como, quando no jantar perguntaram como foi o dia e não sabia como, quando sentou diante de uma comunidade do Orkut para meninas que gostavam de meninas e não sabia como. Ela se percebeu, quando viu sua logo-logo-ex-amiga, dando o seu primeiro beijo em alguém que não era ela. Sentiu raiva, ciúmes, inveja e sensação desgraçada que não sabia o nome. Perceberam ela por perto, sorriram e disseram oi. Ela só pôde correr. Fugiu. Quando percebeu que tinha lágrimas nos olhos, que estava cansada mas ainda podia correr mais, que não sabia onde estava mas isso não interessava, que era profundamente apaixonada pela melhor amiga, que seria eternamente triste, percebeu tudo."

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