quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Correr. Basta correr. Basta queimar o oxigênio e transformar tudo isso em movimento. Energia. Basta permitir que o ar entre, que os pulmões se enchem e que o sangue corra. Eu corro e o sangue corre. Quase não encostar no chão e o coração batendo em todas as extremidades possíveis. Basta correr para não pensar. É um entre. Entre fugir e ir. Entre querer e agir. Entre voar e ficar parado. Suor é água quente que refresca. O choque do ar parado com meu corpo em movimento provoca vento. Crio vácuo e preencho espaço. Correr é estar entre o possível e o impensável. É aumentar as variáveis entre tempo e espaço. Ou diminuir. Não sei. Gastar a pele, gastar o chão. Se está usado é porque é útil. Correr do finito. Correr do prosaico. Correr dos verbos de ligação ruins. Correr em busca. Correr por algo. Correr devido ao ininterrupto medo de estar no lugar errado."

Um comentário:

  1. "corre enquanto é tempo. enquanto tem pernas de correr, olhos de ver, ouvidos de ouvir. corre que o tempo passa e o tempo cobra, que o corpo tem hora marcada pra funcionar".

    (trecho de um poema meu!)

    beijos, queridíssimo!
    k.

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