terça-feira, 31 de agosto de 2010

"A pior coisa que havia nela, era ela saber que era bonita. Era desconfortável olhar para ela. Chegava a incomodar. Quando sentou diante de mim, num banco de pedra, no meio de uma praça, em plena Avenida Paulista, e me olhou. Simplesmente fiz o maior papel de palhaça. Eu olhava para ela e gaguejava, e quando tive coragem, só pude dizer o óbvio: Você é linda. Ela sorriu, abaixou os olhos e fez todo o charme que eu já conhecia. Quase cuspi dizendo que não, você é linda de verdade. Eu me lembro da boca secando enquanto eu falava bobagem após bobagem: Você é realmente a mulher mais linda do mundo. Ela levantou os olhos com uma calma e o brilho deles era a luz que eu seguiria por toda a minha vida. Ela abriu a boca pintada de batom suave e falou algo como E o quê mais? Eu não entendi. Como o quê mais? Não existe nada mais depois de você. Foi o que quis dizer. Mas não disse. Fiquei ali, gaguejando, tremendo e querendo me jogar debaixo de um ônibus. Você é fofa, me disse antes de marcar de vermelho claro minha bochecha. E saiu levando seu sorriso e toda minha estima. Eu era uma mulher marcada, vazia e que não sabia se tinha fracassado ou não. Fiquei sentada naquele banco até ligarem o chafariz. Queria que algo chorasse por mim."

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