"Em algum momento, desde o último sábado para cá, ficou muito mais difícil para ela conseguir manter uma conversa. Ela realmente passou a prestar atenção nas palavras que estavam sendo ditas. E as pessoas passaram a ser insuportáveis.
“Mas fala a verdade, você não acha
que seria legal a gente...”
Ele era um rapaz bonitinho aos olhos
dela. Mas porque ele pedia para dizer a verdade? Ele achava que ela mentiria de
qualquer forma, de qualquer assunto? Ele nem conhecia ela o suficiente para
imaginar isso. Na verdade, ela nem mentiu para ele até hoje. De onde ele tirou
essa idéia? E como assim “eu acho”? Eu não acho nada. Ou sim, ou não. Não tenho
tempo para ficar “achando”. E que “a gente” é essa? Somos nos dois? É todo
mundo que está por aqui, por perto? É toda a humanidade?
Ela ficou pensando nisso, e
acabou não ouvindo o resto da pergunta que o rapaz fizera. Deve ter sido uma
pergunta porque ele estava olhando com aquela cara de quem espera uma resposta.
Ela sorriu ao invés de gaguejar. Esse era o hábito. Tinha funcionado até o
momento. Mas isso não impediu de receber aquele beijo. Ficou brava. Mas achou
melhor assim. Ele não beijava bem, aquele rapaz, mas ele era mais agradável
assim, em silêncio."
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