"Havia uma pelotinha de barro em
cima daquela unha. Aquela unha ficava colada num dedo, o menor deles, e assim
grudada num pé, o que ficava do lado direito do outro. O pé, o dedo, a unha e a
pelotinha de barro estavam muito próximos um do outro, porque o corpo todo
estava agachado. De “cócoras”, diriam os especialistas. Todo o corpo se
comprimia para que o salto fosse maior. A pelotinha foi para o espaço. O corpo
também. Quando pousou, era outro: Batia os joelhos um no outro, como se fosse
festa. E assim, pulava, andava e sorria. Ela riso em movimento e som. Era
brilho nos olhos de quem olhava. A voz surpreendeu a todos que notaram o silêncio
brusco do corpo. Era um risco, um talho. O que saiu da garganta abriu espaço
entre a paisagem e empurrava as partículas de realidade uma para longe da
outra, e criou-se um vão. Um vau que podiam transitar todos que quisessem. O convite,
assim como o espaço e o tempo, era aberto aos de boa vontade. Houve quem pulou
fora. Quem pulou dentro, pulou ao som de rabecas, de metais do frevo, e seguiram
a gargalhada correta, e se perderam... Feito pelotinhas de barro."
sexta-feira, 19 de julho de 2013
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