sexta-feira, 19 de julho de 2013

Rascunho Jesser



"Havia uma pelotinha de barro em cima daquela unha. Aquela unha ficava colada num dedo, o menor deles, e assim grudada num pé, o que ficava do lado direito do outro. O pé, o dedo, a unha e a pelotinha de barro estavam muito próximos um do outro, porque o corpo todo estava agachado. De “cócoras”, diriam os especialistas. Todo o corpo se comprimia para que o salto fosse maior. A pelotinha foi para o espaço. O corpo também. Quando pousou, era outro: Batia os joelhos um no outro, como se fosse festa. E assim, pulava, andava e sorria. Ela riso em movimento e som. Era brilho nos olhos de quem olhava. A voz surpreendeu a todos que notaram o silêncio brusco do corpo. Era um risco, um talho. O que saiu da garganta abriu espaço entre a paisagem e empurrava as partículas de realidade uma para longe da outra, e criou-se um vão. Um vau que podiam transitar todos que quisessem. O convite, assim como o espaço e o tempo, era aberto aos de boa vontade. Houve quem pulou fora. Quem pulou dentro, pulou ao som de rabecas, de metais do frevo, e seguiram a gargalhada correta, e se perderam... Feito pelotinhas de barro."

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