sexta-feira, 5 de julho de 2013

rascunho



Se ela realmente escutasse o que ele estava falando, teria parado de ouvir depois do terceiro pedido clichê de desculpas. Teria tido a impressão que aquele rapaz não saberia dizer serialmente se estava arrependido ou não. Se ele considerava beijo, sexo, mentira, traição ou não. Mas depois de ter visto o beijo, ou descoberto o sexo, ou percebido a mentira, ela não discutiria. Ela explodia em raiva. E nessa explosão ia junto qualquer assunto a ser tratado. Memórias, fatos, esperanças, eram dizimados pela pólvora do desprezo. E isso bastava. Ele deveria saber disso. Ela já tinha dito algumas vezes. Ele realmente não deveria expor sua opinião e perguntar se ela realmente se importava com algo tão pequeno perto de tudo que eles tinham feito juntos.
Eu não sei se me importo com isso. Na verdade, eu gostaria que o Ministro da Cultura e dos Pequenos Prazeres me importasse pra França. Só isso.
E eu? Ele insistia no erro.
Você eu quero que se foda.
Ele não ficou mais inteligente depois desse dia. Ela passou a sorrir menos, dois dias ou mais. Depois voltou ao normal.

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