sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pro Ana

"Eram todos medonhos. Com seus dedos amarelos, cobertos de farelo salgado, com suas bocas meladas de iogurte cor-de-rosa, roupas sujas de chocolate. Eram nojentos de se ver. O cheiro era insuportável. Saí do pátio da escola correndo de volta para a sala. O bom de correr é que a gente perde mais peso. Tentei acalmar a respiração até encontrar uma pílula. Por sorte encontrei a pílula primeiro. Difícil. Não sabia que engolir era algo que se esquecia ao perder a prática. Sinto um certo orgulho. Sinto o comprimido escorrer para dentro de mim, e evito o nojo. Sinto um calor que não é agradável, mas não interessa. Sinto um sorriso aparecendo. E espero sem sentir a hora passar. O sinal assusta. Eles voltam para a sala, sentam em volta de mim, balançam suas peles gordurosas e abrem suas bocas que cospem açúcar. Eu sorrio de volta. Vou sobreviver, apesar de vocês."

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